29 dezembro 2005

Saudades...

As vezes questiono-me sobre tudo e sobre nada... será isso não me acomodar e lutar?
Sei que me desgasto e tantas vezes ganho e outras tantas perco, mas as vitórias já perderam o sabor de outrora... e as perdas permanecem pesadas... porque será que as perdas se assemelham tanto a um rumo sem inversões de marcha?

28 dezembro 2005

Apatia...

Suspiro toda esta exibição patética que o ser humano faz para se mostrar e para se dar a conhecer... questiono-me onde será o limite de tanta solidão?
A insignificância nada deve a apatia...

26 dezembro 2005

Palavras...

As palavras ficam não importa o que se diga. Muito depois de terem sido pronuncidas, as que ferem continuam a fazer-nos mal, vivem dentro de nós, tristes e sem repouso...

24 dezembro 2005

Tempo de Paz...

Deus meu, neste Natal gostava de poder pendurar na árvore a embelezar e a dar cor e brilho, o nome de todos os amigos que passaram ao longo da minha vida. Para isso escolheria os amigos de perto e os de longe, os antigos e os recentes, aqueles que vejo diariamente e os que vejo ocasionalmente, os esquecidos e os constantes, os das horas difíceis e das alegres, os que sem querer magoei e os que me magoaram, Aqueles a quem conheço profundamente e aqueles de quem conheço apenas a aparência. Os que me devem e aqueles a quem muito devo.
Que os nomes de todos os que já passaram pela minha vida, construam Uma árvore de raízes muito profundas para que os seus nomes nunca sejam arrancados do meu coração, de ramos muito extensos para que novos nomes vindos de todas as partes venham juntar-se aos existentes. Uma árvore de sombras muito agradáveis para que nossa amizade, seja um momento de repouso nas lutas da vida.
Que o Natal esteja vivo em cada dia do ano que se inicia para que possamos juntos viver o amor, a fraternidade, a tolerância e a paz…

21 dezembro 2005

Vazio...

Hoje sinto a alma completamente vazia… temo pelo aumento de abismos na minha vida, porque as vezes podem parecer tão suaves e cativantes, com todo o esplendor que os seus vazios apresentam… tenho que cansar o meu pensamento com palavras que nada dizem… sim eu sei… é tão triste falar assim, é um modo tão falso de nos esquecermos…
Parece-me ter sido há tanto tempo que me habituei a ouvir-me gritar dentro de mim, não sei se é hábito ou se é simplesmente porque já não sei o caminho da minha garganta ou talvez tenha medo que outros possam sentir a minha dor... mas também talvez porque não quero perder esta dor que me alimenta…
Eu sei que é estranho, mas tenho necessidade de sentir esta dor provocada pelo medo que sinto crescer cada vez mais... já tomou conta da minha alma e adormeceu num sono que absorveu todos os meus gestos e pensamentos…

19 dezembro 2005

...

Alicia-me para a névoa e para o crepúsculo…
Parto como o ar, agito as madeixas brancas ao sol fugitivo…

16 dezembro 2005

Tempo…

Quando estamos apaixonadas, parece sempre que o tempo não tem passado nem futuro, que não existe nem tem limitações. Neste tempo sentimos o desejo de o fazer parar, alcançar um apogeu que nos proteja do tempo futuro. De um modo que não compreendemos, sabemos que o poder do tempo depende em certa medida de algo que existe nas nossas mentes. Mas o que é que possa ser esse algo, é coisa que não sabemos, sim como não sabemos o modo de o alcançar intencionalmente. A temporalidade do amor permanece como um puro dom, uma graça pura.
O tempo é demasiado real, demasiado precioso, e temos muito pouco tempo…

15 dezembro 2005

Desabafos…

Todos os dias de vida são uma luta contra a maré de vontades e sonhos desfeitos, a cada momento um aguentar à superfície de uma sociedade que nos puxa para baixo para o mundo da hipocrisia, lá, no fundo deste mar, não há certezas, todos usam máscaras, escondem-se por entre algas, não há sol, apenas uma escuridão de sentidos e prazeres… e muitas ilusões...
de dia a vida em teatro.... à noite a minha verdade...
Bjs tristes mas verdadeiros

13 dezembro 2005

Paisagem…

As vezes dou comigo a contemplar a minha vida através dos olhares que me rodeiam, não sei se penso em tudo, nem sei se sou feliz, mas sinto vincos risonhos nos olhos adormecidos, mas depois pergunto-me, porque fiz eu dos sonhos a minha vida.
Por viver assim deveria chamar tristeza, por saber sem surpresa que saudade que seja atenta ou não, é tudo o que eu sou, em cada sonho meu sou a minha própria paisagem e assisto a minha passagem e não ligo, alheia vou vivendo e virando as páginas da minha vida, anoto nas margens o que julguei que senti e sigo lendo o que vivi entre o luar e o desejo secreto que é só meu, porque é a saudade que faz viver e faz ouvir e ainda ver tudo o que foi, mas nunca o que será.

12 dezembro 2005

Sonho...

Suave é o sonho...
Basta ser breve e transitório o pensamento
para ser sonho

Suave é o sonho...
A sonhar eu venço mundos com a loucura incompreendida da ilusão
que é mãe do sonho
Os sonhos são silenciosos e suaves,
como suaves são a inocência e a ignorância
que tornam a alma transparente
Em sonhos sonhados, sonhei que vivi mil aventuras no teu olhar
Pudesse eu alhear-me do mundo e viver eternamente este sonho

Suave é o sonho...
Preciso ocultar o meu sonho,
não quero que ninguém saiba o que sonho,
além de que o não posso a alguém dizer...

A não ser a ti...

11 dezembro 2005

Início...

O início parece que não tem fim, prolonga-se para lá do finito, espalha-se no horizonte e num colapso transforma-se em nada, estagna-se e em espiral afunda-se tão lentamente como a doçura do mel queima a monotonia e o ar pesa para lá do sol, um breve instante, um respiro e tudo se inicia...

10 dezembro 2005

Ausência...

Nalgum lugar em que eu nunca estive, alegremente além de qualquer experiência, os teus olhos têm o meu silêncio: no teu gesto mais frágil há coisas que me encerram, ou que eu não ouso tocar porque estão demasiado perto...

08 dezembro 2005

Boa noite...

Bom noite, solidão... vens sem palavras... não é o teu silêncio que me magoa, nem a tua presença que me enlouquece... vem e deposita no meu rosto o beijo que já não tenho... a sombra no meu olhar... a brisa que me toca e se transforma nas tuas mãos... hoje vagueio na noite e só encontro escuridão... e o silêncio é a minha única resposta... mas espera solidão... não vás embora, fica... eu quero...

07 dezembro 2005

Beleza...

Ser uma coisa é ser objecto de uma atribuição. Pode ser falso dizer que uma árvore sente, que um rio corre, que um poente é magoado ou o mar calmo (azul pelo céu que não tem) é sorridente (pelo sol que lhe está fora). Mas igual erro é atribuir beleza a qualquer coisa. Igual erro é atribuir cor, forma, porventura até ser, a qualquer coisa. Este mar é água salgada. Este poente é começar a faltar a luz do sol nesta latitude e longitude. Tudo vem de fora e a mesma alma humana não é porventura mais que o raio de sol que brilha?

05 dezembro 2005

Cinzento...

São tantas as vezes que a vida dorme sob um céu sem estrelas… assaltam-me milhares de pensamentos, dúvidas, decisões, vontades, tristezas, saudades… hoje gostava de me sonhar perdida num deserto, não num deserto de areia, mas num deserto de medos, angústias, ódios, ilusões…
Lá fora já caiu a noite, em breve ficará fria debaixo de um céu sem estrelas e sem lua…

03 dezembro 2005

Esperança...

Construí um arco de esperança, com uma bola de cristal no centro. No meio plantei uma enorme árvore de vida... mexi na terra molhada e na água fria... chamei o vento e respirei o ar... o fogo também veio... mas eu deixei-o voar…

01 dezembro 2005

Silêncio...

Quando deixo de te ver passo Dezembros na alma e esqueço-me de viver. Custa tanto saber o que se sente quando reparamos em nós, que a minha consciência afundasse na sonolência apavorada dos meus sentimentos. Preciso dizer frases longas e confusas que custem a dizer para não pensar em ti, mas penso.
Teimo em ouvir a voz da minha alma a falar-me de sensações e pensamentos, quando tudo em mim pede o silêncio.

30 novembro 2005

Lados...

Mais um dia de vida nesta minha alma… as vezes a vida é como um livro… sim um livro… e um livro é como uma caixa, a caixa tem dozes faces e dois lados, o lado de dentro e o lado d fora… quantas vezes cansamos o pensamento a tentar ir para o lado de dentro, ou então tentando tirar o que lá está dentro?
Ouvi dizer que quem vive dentro da caixa é amado por todos… e quem vive por fora?...
A vida nesse planeta seria bem diferente se não houvesse dentro e fora…

28 novembro 2005

A ferro e fogo...

Desisto quando largo as rédeas do meu destino e rasuro o rascunho da minha vida…
Devasto todos os planos meticulosamente delineados e entrego-me à sorte esperando um desfecho milagroso…
Nada quero com os factos e sorrio das lógicas preconcebidas…
Liberto-me de todos os cadeados invisíveis padronizados por escolhas e caminhos…
Porque não me basta o que tenho ao alcance das mãos?
Porque teimo em abrir, orgulhosa, todos os caminhos que sigo, de coração aberto ao mundo, cheia de sonhos que não passam de miragens?
Porque sei que um dia cruzarei aquela soleira e estarei enfim onde pertenço…

26 novembro 2005

Cinzento...

Um vento frio penetra no meu peito e envolve meu coração, que se encolhe, e nada posso fazer a respeito…
Que fazer com os escombros das minhas próprias ilusões? Agora a areia das minhas fantasias parece-me escura e sem graça, agora; as torres, desajeitadas, frágeis e inúteis; os desenhos, descoloridos e sem sentido…

24 novembro 2005

Nada...

Tantas vezes sinto que a minha vida é um barco abandonado num cais deserto, onde há dores que não doem na alma mas que são dolorosas mais que as outras, neste barco há sensações sentidas, só de imaginá-las, são mais nossas do que a própria vida, por ali há tanta coisa que sem existir, existe demoradamente e demoradamente é nossa.
Naquela melancolia nem na verdade, há tanta suavidade em nada se dizer e tudo se entender, metade de sentir e outra de ver.

21 novembro 2005

Horas...

Todas as horas são maternas para sonhos esvaídos de divagações e interrogações as quais não desejo resposta, por isso desvio os meus sonhos para monólogos, apenas pontos de vista e opiniões diferentes… descubro tantas vezes em mim tresloucadas paixões que me fazem ao invés de caminhar pela vida, me esgueiro pelas beiradas dela e nesses instantes vou engavetando sonhos, desarrumando a vida e na minha pele o desenho do tempo e a canção do futuro… nesse instante chamo a tristeza, sinto o apaziguamento que extinguirá o medo de fechar os olhos e deixar que uma nova alvorada tome conta de mim…

15 novembro 2005

Tolerância...

Aceitamos por personalidade, que nascemos sujeitos a erros e defeitos, mas será esta a realidade do mundo?...
Procuremos compreender mais, não só com a inteligência, mas também com o coração, porque temos o direito de exigir do mundo que seja outra coisa qualquer, e não apenas o mundo…
É tão belo um dia cheio de sol, como belo é um dia de chuva, ambos existem, cada um como é.

14 novembro 2005

Paz...

Hoje quero falar da paz… paz interior… o que é?
Será paz interior aquela sensação de sentirmos a felicidade sem culpas, sem cobranças, sentirmo-nos apreciadas, respeitadas e aceites?
Poderá algum dia a minha felicidade ser a tristeza de alguém? Será isso desencontros apenas, ou algo mais?
Acho que o importante não é saber os motivos, o importante é ser feliz e estando felizes temos que estar em paz connosco, quem está feliz quer continuar a ser feliz, mas quem não está tem que mudar e é na mudança que tudo se altera, será por isso que as pessoas não conseguem promover de coração a paz?
Por mim eu digo que as pessoas são como flores, alegram a vida com as suas milhentas cores, cada uma com um perfume diferente, maravilhosas na sua diversidade...
O mundo também podia ser assim...

09 novembro 2005

Nada...

E se alguém do nada me chama… será isso a morte?
Temo que assim seja, porque nascer do nada, existir no nada e levar para o nada, tem que ser tão transcendental que só pode ser a morte… por outro lado hoje em dia cada vez mais nos sentimos nada, sim é isso mesmo não somos nada e quase nada fazemos para encher o nosso nada de coisas boas. Seremos capazes de olhar para a pessoa que passa por nós na rua ou até mesmo o vizinho, e de o ver?
Nos nossos olhares que se cruzam na rua já não há carinho, atenção, não há NADA… apenas um caminho vago, despido, inflexível que nos leva para o nada, para o fim, para a morte…
Se ao menos amassemos a vida…
Não vamos definir as pessoas, vamos vivê-las em comunhão de almas isentas de diferenças, gostava que ninguém se envergonha-se de quem tem ao lado e que a compreensão, a sensibilidade e a tolerância nos alimentassem…
numa mão os sonhos… na outra a realidade…

08 novembro 2005

Acreditar...

Será que vivemos num reino de consciência ou nada?...
Na realidade nenhum de nos escolhe o meio ou o fim, um rei pode mover um homem, um pai pode reaver um filho, mas mesmo aqueles que tudo mudam, sejam eles reis ou homens poderosos, jamais terão o poder de mudar a alma, ela permanecerá isolada em ti…
Um dia quando estivermos diante de Deus não poderemos dizer que fomos comandados por outrem ou que dadas virtudes não aocnteceram porque não nos foram conveniente em determinados momentos... e isso não será suficiente…
Virá algum dia em que desejaremos ter feito um pouco de mal para podermos praticar o bem a uma escala maior?
Será válido?...

07 novembro 2005

Sonhos...

pergunto-me, porque faço eu tantas vezes dos sonhos a minha vida... por viver assim deveria chamar tristeza, por saber sem surpresa que sonho que eu seja atenta ou não, é tudo o que eu sou, em cada sonho meu sou a minha própria paisagem e assisto a minha passagem e não ligo, alheia vou vivendo e virando as páginas da minha vida, anoto nas margens o que julguei que senti e sigo lendo o que vivi entre o luar e o desejo secreto que é só meu, porque é o sonho que faz viver e faz ouvir e ainda ver tudo o que foi, mas nunca o que será...

01 novembro 2005

Pensar...


Descobri que não se pode amar, mas só supor que se ama...
Devíamos apenas pensar em nós, mas não, despimo-nos da ilusão para vermos bem como éramos e vimos que éramos apenas como a ilusão nos fizera....
Amemos sem pensar....
Maldito seja o pensamento...

31 outubro 2005

Tempo...

Apetece-me mergulhar no infinito para fugir da realidade e navegar, porque o tempo já não existe e os sonhos permanecem, vou poder viajar livremente sem encontrar pontes, porque não existem rios a separar as margens. Falar de sempre, faz-me perder o sentido das coisas, mas continuo a reparar no brilho das estrelas e nos raios da lua.
É tarde na noite, vou apagar a luz e deixar que chegue a madrugada.

26 outubro 2005

Paralelo...


Ao longo da minha vida, (média na idade física mas longa no pensamento) tenho aprendido que o destino existe, é real, acontece nos momentos destinados a realizar-se... mas nos outros acerrimamente sonhados nunca acontecem... por isso resolvi construir dois mundos paralelos, um de sonho e outro de vida...
Resulta disto tudo é que as vezes não sei quem sou... perco-me nas encruzilhadas que encontro pela frente... duvido de todos os caminhos que me chamam... penso, penso e penso e depois fico espantada com a velocidade que o tempo corre e muda... e o pior de tudo é que não muda sozinho... mudei eu também... e hoje estou num tempo que sou parte daquilo que fui e parte daquilo que serei...

25 outubro 2005

amanhã...

Se amanhã estiver um dia igual a noite de hoje então amanhã o ar vai parecer tão suave que não me vai parecer ser possível sentir tristeza no meu coração...
Corre tão longe no meu pensamento a vontade de ser tudo... Aos sonhos que não sei, entrego-me sem nada procurar sentir e estou em mim como em sossego e para dormir falta-me apenas ter sono...

23 outubro 2005

Descanso...




Na minha noite não há escuridão e no meu sossego não há descanso, mas eu passo por tudo, tal como o rio que se não vai pela direita é pela esquerda mas vai sempre e o mar espera-o lá longe eternamente.

22 outubro 2005

Medo...

As vezes tenho medo que o tempo que levo a sonhar sejam anos de vida e depois perceber, que tanto do meu passado foi vida mentida de um futuro que eu imaginei.
Não sei, mas subitamente sinto a tristeza de ser lenda do sonho que vivo... tenho que sossegar o meu coração, todos temos uma vida que é vivida e outra que é sonhada, mas a única que realmente temos é aquela que é divida entre a verdadeira e a sonhada...

21 outubro 2005

Sombra...

À noite, no silêncio calmo dos segundos, eu desligo as luzes e espero por ti na sombra da lua, por vezes tenho que fazer um esforço tão grande, para não deixar fugir os meus olhos, ansiosos por voar até ti.
Na tua ausência não consigo encontrar o tempo, e a minha vontade é passear por entre as estrelas no céu imenso, infinitamente azul, que cobre num abraço eterno, o nosso mundo, e assim, sentir-me mais perto de ti.

18 outubro 2005

Esperança...

Agora as noites são longas de mais e em todas elas as minhas lágrimas esvaziam este meu coração que ainda assim teima em bater levado pela esperança que chega todas as manhãs embalada na brisa.

17 outubro 2005

Desejo...

Sentir o desejo de produzir algo belo, maravilhosamente imaculado, tão perfeito que não haja no mundo inteiro alguém que fique indiferente, não por não lhe agradar, mas por lhe parecer impossível haver um causador para algo tão belo, que não seja divino.
Porque motivo duvido das decisões que acontecem desta forma e não de outra? Não é fácil encontrar a resposta, talvez antes de tentar compreender, deveria primeiro saber porque motivo existe a dúvida, existe porque a vida é um conjunto de dúvidas e decisões que tornaram o imperfeito no perfeito e vice-versa.

12 outubro 2005

Desabafos...

Tão abstracta é a ideia de amor, que ao entreter os meus olhos nele, perco-os de vista, e nada fica em meu olhar. Dista do meu pensamento tão longemente, a ideia de ficar tão rente ao meu sofrer que minto, e sonho mesmo consciente de mim que sonho o que sinto sendo muito do sonho e pouco da vida. Não sei porque estou assim, os meus olhos iludem-me quando vejo o infinito, sinto-me alheia pelo pensamento.

Realidade...

A tua realidade não está dentro de ti, a noção que tens dentro de ti é saberes que o mundo existe lá fora, e tu será que existes... estás mais certo da existência do exterior do que da existência interior, acreditas tão pouco na alma e tanto no corpo. O corpo, esse vil traiçoeiro que se apresenta no meio da realidade, pode ser visto, tocada, movimentado sem desejo efectivo, preso ao exterior, mas a tua alma, é mais real que o mundo exterior, embora fechada no teu interior para poder ser... navega livremente, existe para ti nos momentos que julgas que efectivamente existe por um empréstimo da realidade exterior do mundo.
A realidade que te cerca, não é tua, foi imposta, é condição de vida, é de todos mas não pertence a ninguém.

10 outubro 2005

sonhos...

Toda a hora é materna para os sonhos mas é preciso não o saber, porque o dia nunca nasce para quem encosta a cabeça no seio das horas sonhadas, somos tristes quando sonhamos, porque não podemos ser o que queremos ser, porque o que queremos ser, queremo-lo sempre ter sido no passado. À beira mar quando a onda se espalha e a espuma chia, parece que há mil vozes mínimas a falar,
Nenhum sonho acaba, sei eu ao certo, se o não continuo sonhando se o não sonho sem saber, se o sonhá-lo não é esta coisa vaga a que eu chamo a minha vida, então tudo é muito, e nós não sabemos nada...

08 outubro 2005

Infinito...

As vezes fico pensativa a olhar o infinito... sinto-me um barco vazio pelas margens de um rio navegando sem leme com a pressa de chegar a um destino que eu anseio, que desejo, mas não sei que rumo tomar.
Só sei que permanece intacto dentro de mim um sentimento que a muito descobri e que eu já não comando, sei também que os meus olhos esperam-te com tanto, tanto amor, que quando correm para te tentar encontrar, tenho medo que tropecem no ar, ou se percam no olhar.
Resta-me abandonar-me à sorte dos espíritos, porque eu sei que o vento já não vem para me desprender da terra e flutuar eternamente no teu pensamento.

03 outubro 2005

Insónia...

Outra noite de insónia... De repente paro, observo o contorno dos olhos e filósofo sobre a inexorabilidade do tempo e da sua relatividade. Quando se presta atenção ao tempo e se aguarda algo, cada minuto parece uma eternidade. Mas, quando nos distraímos, damos conta que às vezes já se passaram dez, vinte anos...

01 outubro 2005

Cinzas...

Fim-de-semana em que me sinto incapaz de encher esta folha em branco de sinaizinhos pretos, decidi que a língua (ou os dedos neste caso) se manteria presa, para não dizer o que não queria ouvir, mas não dá resultado já que, aparentemente, os meus neurónios, cansados de uma semana de trabalho electrizante, divertem-se brincando de escultores, esculpindo lembranças em cada canto de meu cérebro…
Renascerei das minhas cinzas no fim de cada dia...

27 setembro 2005

Desistir...

As palavras as vezes ferem, mas são necessárias… será um erro… não dizer certas palavras ainda que duras, mas verdadeiras, a quem de direito?
Mesmo sabendo todos os conselhos, sigo por caminhos escuros... Estranhos desertos... e, ignorando todas as regras, todas as armadilhas desta vida urbana, eu não reajo…
Quero desistir… vou desistir… não tenho vida para tanto… :((((

23 setembro 2005

Morte...

Hoje convivi de perto com a morte... ou devo dizer o fim da vida? Todos concordamos que a vida revela-se ao mundo como uma alegria... podemos encontrar a alegria no jogo eternamente variado dos raios do sol e da lua... na música das vozes da natureza... na dança dos movimentos do vento... em todo o lado... será que podemos adiar a morte enquanto não desaparecer a alegria do coração do ser humano?

Alguém disse um dia, penso que foi Jacqueline Auriel, e eu subscrevo "Não é de morrer que tenho medo. É de não vencer."

22 setembro 2005

Vazio...

Estar sob estrelas e nada mais... Sobre mim, talvez lua... Cheia, clara, meia... Escuridão... A contradição no voo de um pássaro nocturno: tudo, menos o sol iluminando falsas alegria, sorrisos amarelos, olhos sem brilho ofuscados pela claridade dourada.

19 setembro 2005

Suspiro...

Um suspiro parece soar em algum canto de... mim? Não sei de onde veio. Não da minha boca, que permanece cerrada, enquanto os dedos deslizam por este teclado frio.Não sei o que aconteceu. O mundo continua o mesmo, mas parece que, em algum lugar, alguma cortina caiu, e deixou entrever as minhas próprias ilusões.

17 setembro 2005

Passado...

Pela janela deste quarto vazio voam meus pensamentos ousados de poesia, amor, paixão... culpa;
as recordações doem com atitudes vingativas que se perdem no ar.
Lá fora, a paisagem enegrecida pela plenitude de meus pensamentos...
O amor confunde-se pela madrugada.
A nossa igualdade exterior atinge o auge na divergência de conteúdo, de sentimentos e explosões simultâneas de prazer... Pensar que no antes não haveria lugar para o nosso agora... Haverá lugar para o depois?
Seremos nós a inventá-lo, a construí-lo deitando por terra as fictícias imagens da antiquada moral e da ilusória virtude.
É na beleza dos nossos corpos que visualizamos o enorme sorriso de nossas almas, sedentas de um cantinho no mundo...

16 setembro 2005

Sentido...


Hoje há muita coisa que não faz sentido, ou então tudo tem o seu sentido, por mais bizarro que pareça… bem, vamos partir do princípio que o caminho apontado é este: tudo faz sentido se tudo tem valor… por exemplo… o egoísmo faz sentido? Faz. Mas e tem valor?… e o amor? O que faz sentido amar o próximo, mesmo se nos é desconhecido? Mas que sentido isso tem, se somos todos egoístas?... ou não somos?

15 setembro 2005

Riscos...

As vezes corremos o risco de amar mais do que podemose, por medo, sempre menos do que somos capazes. Buscamos pelo prazer da paisagem e raramente pela alegre frustração da chegada. Quando nos entregamos, atiramo-nos e quando recuamos não voltamos... Bah... não me levem a sério, sei que nada é definitivo. Nem eu ou o que penso que eu sou. Nem nós ou que a gente pensa que tem. Realizar o amor é perder-se… desiludir-se… morrer….

11 setembro 2005

Noite...

A noite desce... vem de longe, lá dos países banhados de sol, onde outros mares, cantam outras cantigas, onde outras estrelas deslumbram outros olhares que não os nossos. E eu, preguiçosa perdida na vastidão do universo, fico pensando... a cor das flores, a sombra das árvores, o alinhamento de ruas e canteiros, tudo se esbate e encolhe. Por cima do erro e de eu estar aqui abre-se de repente, como se a luz do dia fosse um pano de teatro que se escondesse para mim, o grande cenário das estrelas. E então esqueço com os olhos a plateia amorfa e aguardo os primeiros actores com um sobressalto de criança no circo…
aqui vamos para mais uma semana…

09 setembro 2005

Quietude...


Eu já desejei não amanhecer e não raro fiz de conta que o escuro do quarto nas janelas fechadas sob a cortina, significava noite escura. Ignorava os ruídos da casa: estava presa nos meus próprios silêncios, na minha vida particular que não estava com vontade de viver...

08 setembro 2005

Preguiça

Hoje deu-me a preguiça de acordar de manhã e suportar o resto da existência, mas achei melhor fingir que não era comigo e levantei-me com a cara igual a de todos os dias... Desconfio que as horas estão meio difíceis de passar, parece que o relógio está com algum defeito e vai daí invento um monte de coisas para empurrar o tempo...
Temo que ande a inventar vida...

06 setembro 2005

Aqui...

Escrever as vezes é triste... Porque impede a conjugação de tantos outros verbos. Os dedos sobre o teclado, as letras vão-se reunindo com maior ou menor velocidade, mas com igual indiferença pelo que vão dizendo, enquanto lá fora a vida acontece não só com bombas e catástrofes, mas também em dádivas da natureza... a lua a esconder-se do dia… o sol deitado no horizonte… o céu ora azul ora cinzento ora cor de fogo…
Sim também eu quero ser sempre melhor, mas melhor do que sou e não melhor que os outros.

05 setembro 2005

Ser...

Ser uma coisa é ser objecto de uma atribuição. Pode ser falso dizer que uma árvore sente, que um rio corre, que um poente é magoado ou o mar calmo (azul pelo céu que não tem) é sorridente (pelo sol que lhe está fora). Mas igual erro é atribuir beleza a qualquer coisa. Igual erro é atribuir cor, forma, porventura até ser, a qualquer coisa. Este mar é água salgada. Este poente é começar a faltar a luz do sol nesta latitude e longitude. Tudo vem de fora e a mesma alma humana não é porventura mais que o raio de sol que brilha.

04 setembro 2005

Agora

A minha mente desenha o brilhante astro do dia, mal os seus primeiros raios dissipam as trevas que cobrem o horizonte, ou como a primavera, depois de um rigoroso Inverno, leva atrás de si o louco rebanho dos doces zéfiros, e imediatamente, tudo se modifica sobre a Terra, um colorido mais brilhante embeleza as coisas, e a natureza rejuvenescida apresenta, aos nossos olhos, um espectáculo mais agradável e mais risonho…
(estará isto tudo na tua mente, Petra? huummm...)
Espera… tu não queres que vejam o que tens na mente, pois não?
Sim… compreendes agora… quem és tu?

02 setembro 2005

Palavras...


Falarei sempre por palavras em primeira mão... porque essas, sei que serão cobertas de verdade, sentimento... não são censuradas por mim...
Será real este mundo de palavras, reflexos no espelho infiel do dicionário?

01 setembro 2005

Correspondências

Hoje a tarde cai monótona e sem chuva, num tom de luz desalentado e incerto... e eu também me sinto assim... caindo. Sinto uma tristeza profunda…
Escrever as vezes é triste...

31 agosto 2005

Horizonte


Sinto-me constantemente numa véspera de despertar, sofro-me o invólucro de mim mesma, num abafamento de conclusões. De bom grado gritaria se a minha voz chegasse a qualquer parte. Mas há um grande sono comigo, e desloca-se de umas sensações para outras como uma sucessão de nuvens, das que deixam de diversas cores de sol e verde a relva meio ensombrada dos campos prolongados.
Sou como alguém que procura ao acaso, não sabendo onde foi oculto o objecto que lhe não disseram o que é.
Conhecer outras terras outros horizontes nunca é fugir. Não é o lugar que cria o sentimento, é o sentimento que o faz. È bom poder voar assim livremente, mas ainda melhor é ter sempre um porto de abrigo.
É preciso descobrir que a harmonia está dentro de nós e que apenas nós possuímos a chave secreta, embora existam pessoas que pensam que outro alguém possui essa chave e outros ainda nem desconfiam que essa chave existe…

30 agosto 2005

Olhando


Assim sem esperar dou comigo novamente aqui, sentada, os meus dedos perto do teclado ganham vida e eu porque a liberdade existe nada faço…
Porque tu? Ainda não sei a resposta, mas quero que saibas que não odeio a regularidade das flores em canteiros. Odeio, porém, o emprego público das flores. Se os canteiros fossem em parques fechados, se as árvores crescessem sobre recantos feudais, se os bancos não tivessem alguém, haveria com que consolar-me na contemplação inútil dos jardins?
Mas há dias em que esta é a paisagem que me pertence, e em que entro como um figurante numa tragédia cómica. Nesses dias estou errada, mas, pelo menos em certo modo, sou mais feliz.

29 agosto 2005

Olhando


Hoje consigo ver a lua, parece imóvel no céu, como que escutando… as estrelas viajam, ignorando a terra adormecida. O mundo todo está dormindo, e só eu estou acordada… Fecho os olhos para ver melhor o que minha mente desenha, o que minha alma sente…
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem. A vida apenas, sem mistificação.

Fala a Loucura

Detesto amarelo. Detesto todos os sinais da Primavera. Não sabes que só estou feliz quando estou deprimida? Não sabes que só estou feliz quando me visto de negro? Que só estou feliz à noite. Sim. Sou uma criatura da noite. Dar a toda a gente o aspecto mais inofensivo possível, fazer com que toda a gente se acomode o mais possível — apesar de quem veste aquela roupa em sólidos tons pastel limão verde-vómito verde-pálido rosa alperce, que vai bem com qualquer outra peça, ser por dentro tão ofensivo quanto possível. Será que quero que toda a gente tenha o mesmo aspecto, para que venham talvez a sentir o mesmo e se tornem então mais fáceis de controlar, de dominar.
A vida segue dentro de momentos....

23 agosto 2005

Beijos de Alma

A MINHA FONTE DE POESIA:

Minha culpa

Sei lá! Sei lá! Eu sei lá bem
Quem sou? Um fogo-fátuo, uma miragem...
Sou um reflexo... um canto de paisagem
Ou apenas cenário! Um vaivém

Como a sorte: hoje aqui, depois além!
Sei lá quem sou? Sei lá! Sou a roupagem
De um doido que partiu numa romagem
E nunca mais voltou! Eu sei lá quem!...

Sou um verme que um dia quis ser astro...
Uma estátua truncada de alabastro..
Uma chaga sangrenta do Senhor...

Sei lá quem sou?! Sei lá! Cumprindo os fados,
Num mundo de maldades e pecados,
Sou mais um mau, sou mais um pecador...

Florbela Espanca

Primogénito

Um primeiro post aberto como se de uma leve aragem de vento se tratasse... estou viva.