23 maio 2009

Da lamechas para Ti…

O mundo gira apressado e a noite é já longa…
Falta-me algo…
Começa a ser constante esta sensação de vazio…

Dou comigo a esperar com uma paciência absurda de quem nada deseja ou anseia…
Fica-me a vontade de nada fazer e perco-me em mil pensamentos e em mil indecisões…
Ai que vontade enorme de ser soberana a todos estes sentimentos…

Dou comigo a declarar as minhas inúteis vontades sem abrir a boca…
Ai se tu visses agora os meus olhos, tanta coisa te diriam…

Anda vem comigo, dá-me a tua mão e deixa que eu te guie por este caminho…
Não sei onde nos levará, mas sei que enquanto durar a viagem o tempo não contará…

Sabes…
Penso muito em ti…
Que mais posso eu fazer para além de gostar assim tanto de ti…

17 maio 2009

... Enclausurada...


Ao que me deleito em toda a melancolia?
Abafo o mundo na solidão
renasço no negro de mim
para num só segundo voltar a morrer
e assim foi...
o renascer
tudo é passado... a cada momento...
e uma vida foi... e uma vida vem...
e o vazio... esse...
só eu sei...
só eu sinto...
só eu pressinto tudo o que contém...
e assim se dita...
o morrer... e o renascer...
o viver... e o esquecer...
assim se faz a história, assim se perde a memória...
Assim permaneço... enclausurada nas muralhas de mim...
o mundo é o meu pastor... a solidão o meu inimigo...
deito o meu ser então...
nas garras do punhal mortal...
adormeço...
na solidão...

13 maio 2009

Para ti...

Hoje falo para ti… sim para ti… os sonhos vão muito para além do que sentimos e pensamos, o sonho não é o que vivemos quando dormimos mas sim o que criamos com a nossa imaginação diurna.
Será que os sonhos ficam sem destino quando não é possível materializá-los ou sequer compreende-los totalmente?
Quando sonhamos na noite, ultrapassamos a realidade dos objectos das coisas mas quando sonhamos de dia atribuímos-lhe outro valor real além do valor aparente e a maior parte das vezes surgem-nos assim de repente duma maneira totalmente nova…
Hoje, agora, neste instante, atrevo-me a lembrar o sonho…
Não sei se outrora estava indecisa entre o céu e a terra… mas hoje tu és a minha inquietação e a minha esperança.
As vezes, apelo ansiosa ao meu anjo implorando e quase exigindo que ele me assista nos meus desfalecimentos de ânimo e nos meus rasgos de vaidade, sem demora e sem piedade e imploro que encontre a noite interior da incerteza da dúvida e da angústia da alma… e nesse instante tudo se resolva, tudo se defina e em tudo se encontre paz…

Fica a certeza que de tudo o que há-de vir nasce a esperança e de tudo o que passou nasce a saudade…
Hoje vi o sol assim envergonhado e escondido nas nuvens indecisas
entre a pureza do branco, a brandura do cinzento e o terrível do preto…

11 maio 2009

Cansaço...

O céu é húmido e fresco neste fim de tarde abandonada, aberta a todas as vozes, que instante perfeito de coragem para receber um aviso de uma verdade primordial… O tempo não passa por mim, é de mim que ele parte…
Quero imaginar o futuro…
Quantos anos ainda me esperam?
Que caminhos desertos ou de companhia me esperam?
E o passado que posso ver nele do que me sinto, me sonho, me alegro ou me sucumbo?
O meu futuro será este instante desértico, ou será tudo aquilo que me projecto.
Lembro-me da minha infância, de tudo o que me ofendeu ou sorriu, o que sou vem daí e sou eu ainda agora ofendida ou risonha, a vida é cada instante, cada eternidade onde tudo se reabsorve…
O que sonho mal é um sonho porque o espero violentamente…
Terei pois como destino esta agitação constante de nada? Será pois uma ilusão o termo da minha luta esse termo que eu me invento talvez só para a dignificar?
Sei o que quero, porque eu sei o que desejo, mas pode a vida não sabê-lo, a vida também sou eu, o que ignoro de mim amanhã também é a minha vida.
De que segredos se resolve uma vida? De que pressões, obstáculos, sacrifícios?
Aquilo de que falo está dentro de mim, sou eu...
se algum crime houve em mim, foi só o de ter nascido.

04 maio 2009

Poderia...

Poderia matar-te esta noite… e depois choraria o quê?
A tua morte seria demasiado fugaz, não seria satisfatória.
Ir-me-ia faltar algo…
O prazer da dúvida e da incerteza.
Ainda te espero, aguardo paciente, um último golpe, o mais profundo.
Aquele que irá juntar as lágrimas outrora silenciosas ao soluçar desmesurado da dor total.
E onde reside esta dor magnânima e prepotente?
Em mim…
É em mim que residem, suspeitos estes sentimentos exacerbados e explorados ao limite.
Afinal admito, é assim que sobrevivo, apenas com sentimentos extremos.
Só a dúvida te fará permanecer dentro, em mim.
Sou demasiado complicada para ti…
Olho-te e vejo uma massa disforme ansiosa de ser moldada…
Pediste-me um livro para descodificar códigos e acessos e eu entreguei-te mas não me dei a mim…
Mas eu falei para ti…
Com a alma nos olhos e o coração, traduzindo em palavras indecisas e incertas como as aparições da lua…
Tudo pendente do tempo… As vezes, fui tua em breves olhares… mas dar-me a ti… como?
Se nem eu me tenho!