28 novembro 2008

Dança em mim...


"Dança! Oh corpo sedento,
Dança! Oh alma carente,
Ondula! Teu coração sangrento,
Ondula! Tua essência demente."

Os sinos vibram cansados,
Desse gemer solitário…
Em óbitos marcados
A cada badalar nocturno..

Dança em mim, repousa…
Vibra em mim, em estático movimento…
Tua áurea,
Tua luz…
Em mim,
Findam meu sopro cansado …
Renasce,
O meu ofegante respirar…
Vida em mim, por ti…
Dança em mim…

27 novembro 2008

... Solidão...

Salpicos salgados,
Em noite de solidão…
Desmembrados,
Desajeitados…
Minha voz rouca,
Minha alma em exaltação…
Teu nome solto, em…
Desalinho…
E hoje a noite é apenas…
Solidão…

14 novembro 2008

Diário... Intocável...

Um livro sem folhas onde escrevo, onde redijo em cada capitulo, pedaços da vida que conto no tempo…
Um segredo confessado, um silêncio partilhado… Em cada noite, a cada luar… E tal como acordo a cada dia com diferente sentir, também ela sorri para mim a cada noite com diferente semblante.
Por noites vagueio estática no meu recanto, por rumos perdidos que a si me levam e ainda que no imenso céu o seu rosto esteja ausente, sinto o seu conforto, o seu companheirismo além da sua presença…
Quantas lágrimas cobrem o meu rosto sob a sua vigília, quantos sorrisos rasgam a minha expressão sob o seu abraço intocável… Um livro secreto que tenho, uma partilha eterna que guardarei além do tempo e espaço que decorre e se percorre…
Pois que a vida é mais do que o terrestre material, é mais do que o palpável… e Assim voo, em cada viagem nocturna a um espaço onde nunca pousarei os meus pés…

(Foto - Vanessa Gomes... Obrigada)


10 novembro 2008

Liana...

E todo o tempo sonhei... e vagamente acordava, quando os teus lábios lindos, se abriam num tremor e os teus olhos sorriam... minha alma já estava envolvida nas tuas carícias doloridas da saudade que eu também já sentia…
Agora já conheço a velha luz da madrugada que te ilumina todos os dias quando te acorda, todas as ruas por onde passas já me são conhecidas, o movimento que te acompanha no passar das horas mortas, levando de braço dado a legião de imagens e sensações da vida vivida junto de ti, já nada me é estranho…
Reparas quando a luz pura do sol vem beijar a flor, e lhe acende mais a cor e lhe dá mais formosura? É assim que me acontece quando te vejo… o teu rosto lindo sem par, com esse tocante olhar, suave como lâmpada sagrada que rompe como a luz na madrugada, aconchego-me ao teu cândido rosto quando o anel da tua boca luzidia, vermelha como a rosa cheia de cor, em beijos loucos me abre a saudade e mil rosas se desfolham na minha face…

08 novembro 2008

Sopro...


Deixai que as almas se elevem numa só, se entrelacem no auge de si mesmas, pois tudo o resto serão quimeras de sonhos findados a cada dia…
O sopro é cada vez mais ténue e neste sobreviver, pousam seres cansados no véu de um branco aparente… De uma pureza inexistente… Inebriados pelo acre e o doce da vida, em desconhecida causa, pois escassas são as forças que restam…
O sopro é cada vez mais ténue…
Repousem então, almas vadias e insaciáveis… Repousem em descanso em cada toque aveludado que renasce de um dia, pois ainda que o todo jamais seja vosso, sabeis saborear a leveza de cada momento e assim resistireis ao juízo final… Vossas resistências suprirão lacunas, abismos profundos de vós… e ainda que num sopro ténue… Respirais… Vida…

03 novembro 2008

Liana...

Poderia escrever o teu nome ao longo do que escrevo e teria talvez dito tudo. Mas eu quero desse tudo dizer também o que aí se oculta. Dizer o meu enlevo e a razão de ele me existir.
A minha noite perdeu o cansaço e a angústia, porque agora, derrama eternamente o bálsamo do teu carinho, amacia de brilhantes o verde matutino, corre como um suave sussurro nos rios para todos os mares, desembarca em todos os cais… sinto paz, creio numa outra vida cheia de ti e agora já trago comigo lembranças com as quais falo, a noite, ao deitar…
As tuas mãos nas minhas… o incrível miraculoso de eu dizer o teu rosto… o ardor de um meu dedo na tua pele… na tua boca... o terrível dos meus dedos nos teus cabelos….
A nossa igualdade exterior atinge o auge na divergência de conteúdo, de sentimentos e explosões simultâneas de prazer... Pensar que no antes não haveria lugar para o nosso agora... Haverá lugar para o depois?
Sinto um leve cair de tarde num dia de Outono, em que uma leve brisa balança pelo ar as folhas secas e tristes que encontram o seu ninho ao fundo, bem lá ao fundo, onde a terra e água se abraçam e o sol e a lua se beijam…
Já não comando a minha alma forte e ardente que outrora a nada se inclinava, porque agora, vela os teus mistérios e anda humildemente em teu poder.
Gosto tanto quando me fitas com os teus olhos de vida... porque nesse instante a minha alma dorme sorrindo…