30 janeiro 2009

Canto...



Ter um amor, é um bem tão grande, que aquele que ama a todo o instante receia perdê-lo, que frágil e muitas vezes que breve é o amor...



Gostava de conseguir fazer um canto da noite, um canto à noite, conseguir invocar com palavras mágicas e envolventes a lua... e depois poder dizer-lhe... vem com o teu silêncio, com o teu mistério, com a tua calma...


Sim eu sei, sentes as gotas de água salgada no meu rosto... não... não é da chuva, são mesmo lágrimas... sabes as vezes são a voz mais clara do nosso sofrer, mas curiosamente é nelas que o sofrimento por vezes se dilui, por isso sempre que me vires chorar, não te inquietes porque o meu chorar é doce, é como uma porta que se abre para uma promessa de felicidade...
Se vivêssemos para sempre, não acharíamos que o tempo de viver é pouco para realizarmos tudo o que está ao nosso alcance?...


Que tudo na vida seja a nossa missão única, somente encontrar a nossa paz, o nosso destino, o nosso amor, o nosso canto...

27 janeiro 2009

Cansada...

Estes dias cinzentos e despidos de vida quase que nos obrigam a deixar entrar a noite e se por acaso fechamos os olhos sentimos ainda mais forte a solidão...

O horizonte perde-se num emaranhado de cores cobertas pela luz da noite, a suave melodia do vento consome-me e arrasta-me para a lembrança de outro lugar...

Hoje estou cansada, cansada de sonhar, de acreditar e de ter consciência que no fundo nada posso mudar...

Hoje a vida pesa-me...

22 janeiro 2009

Sim e não...

O vazio invade o meu ser... sinto-me perder com as ruas que me invadem...
olho o infinito na esperança de encontrar o lugar, aquele lugar que me vai dar a alegria de ser eu...



Estou perdida em mim, uma rua vazia de incertezas me cerca quando penso... mas não quero ser consciente e sim quero ter a consciência do presente que vivo...

O que sou?
Não sei, porque o nada é indefinido...
sou... não sou... quero... não quero... tenho... não tenho...

O sonho é ainda a fonte da existência...
e quando for pesadelo?

... Contrariedades...


O sopro feroz,
Silenciando...
A voz d um povo,
Arfando...
O robusto libertino,
Orando...
O frágil sacerdote,
Pecando...
A noite negra,
Brilhando...
O límpido dia,
Cegando...
O ontem,
Chegando...
O amanhã,
Findando...
As palavras escritas,
Por dizer...

19 janeiro 2009

... Vício...


Sou em vós a serenidade e insanidade apodrecida...
Sois tudo o que de extremos é bom e degradante...
Sois em mim, as minhas próprias capacidades e as minhas intimas debilidades...
Sois Vício... Meu...
Vício...
Meu sustento...
Meu fim...
Meu solene cantar de um adeus agonizante, uma coragem de desafiar a vida escondida pelo medo da morte...
Sois o fel mortal que tomo por esse cálice que elevo... Sois o sangue que preenche as minhas veias...
Sois o veneno... Sois a cura...
Teu luxuoso capricho de controlo em mim, me encanta e me tormenta...
Sois...
Meu... Início...
Meu... Vício...
Meu... Fim...

18 janeiro 2009

Ainda hoje...

Ainda hoje choveu...
mas as lágrimas celestes não tocaram o meu coração, que não se deixa intimidar...
Ainda hoje não vi o sol...
mas os meus olhos não se entristecem pela falta da sua luz...
Ainda hoje o mundo não me sorriu...
mas o meu coração sorriu para ele...
Ainda hoje, bem cedo na manhã enquanto a lua se deitava, olhei o horizonte e pensei...
Ainda hoje...
e esqueço todo o resto...

16 janeiro 2009

... Descida vertiginosa...


Os punhais do pensamento já foram erguidos e a descida vertiginosa está para breve, até o sulco ser gravado e lentamente desenhado pelo seu gume grosseiro...
Almas atentas, a vós suplico...
Abracem este ser em decaimento...

10 janeiro 2009

Até...

Avança a noite...

encontro-me só, como sempre e aquele espirito vazio e submisso apoderou-se novamente de mim...


estou cansada...


cansada de sonhar, de acreditar e de ter consciência que não consigo mudar nada...


quantas noites insólitas eu vou continuar a viver

apenas na companhia da minha velha amiga e leal lua...


eu com os meus silêncios e ela com a sua sombra quente...

quantas vezes mais vou viver o dia esperando a noite?...

07 janeiro 2009

... Insanidade na corrida do tempo...


Sombras ondulam suavemente na imagem de cada mente sonhadora… Fantasmas assombram cruelmente cada alma sofredora…

Julgamos cada passo que nos encaminha sob a luz ou escuridão, pois quando a meta de cada rota é alcançada tudo se assemelha a algo imperfeito, rodeado de lacunas, pois o nosso percurso fez-se de erros e decisões vãs.

Recosto-me, neste meu recanto solitário…
Recordo todos aqueles rostos que se cruzam com o meu olhar… Desconhecidos e ainda assim intrigantes, pois,
Em cada olhar uma vida…
Em cada vida, um segredo…
Em cada segredo, um sentimento…
Em cada sentimento, uma alma…
Inerente ao passado de cada um,
um traço facial diferente…
Uma frieza mais ou menos perceptível…
Medos…
Sombras…
Fantasmas…
Quanto rebuscamos em nós a obra já escrita e publicada da nossa vida?
Não somos livros de prateleira de livraria cujas edições são revistas para corrigir as falhas existentes. Somos, em cada passo, uma reacção irreversível, cujos reagentes, por mais que sejam adicionados, jamais voltarão a formar o produto final, pois… De todos eles há um intocável…
O tempo, reagente limitante das nossas vidas, inalterado…
Cada momento, cada retalho de um dia, será sugado apenas uma só vez, porque na corrida implacável do relógio nada pára, nem nada lhe pode ser adicionado.
Consumimos então a sanidade de nós, conjecturando hipóteses já ultrapassadas que em nada nos permitem a evolução…
E… Quantos são aqueles que se escondem em personagens de si mesmos?
Quantos aqueles que cobardemente soltam linhas ao acaso, criando um público, um todo a quem chamam “vós”, quando no fundo são palavras articuladas para o espelho de si mesmos?
Somos o que de nós esperam, ou assim tentamos, pois se cada alma falasse…
Quantos seriam aqueles acusados de lucidez?

03 janeiro 2009

Morrer...

Subi ao alto da minha torre esguia feita de fumo, névoas e luar... e pus-me comovida a conversar com as nuvens cinzentas e mortas todo o dia...


Contei-lhes os meus medos, os meus segredos, a alegria tentada dos versos meus, do meu sonhar mas todas as nuvens cinzentas e mortas choraram...


Responderam-me então:
"que fantasia de vida tens tu criatura doida e crente!... também nós também tivemos ilusões como ninguém, mas tudo nos fugiu, tudo morreu!..."


... e assim se calaram tristemente as nuvens cinzentas e mortas... e desde então choro amargamente na minha torre esguia junto ao céu...