09 outubro 2010

Viagem...

Viajo no meu pensamento recordações de horas mágicas vividas, lembro o sol doirado desvanecendo e dando luz a noite, naqueles momentos mágicos harmonias ancestrais beijavam os nossos ouvidos, sombras pintadas nas paredes do quarto diluíam docemente o perfil do teu corpo. Naqueles instantes eu era apenas uma frágil caravela, empurrada pelo vento vagabundo…

Sentia o teu olhar ora descuidado ora desconfiado mas sempre feliz e eu perdia-me no teu ser

Na escuridão completa, conseguia ver bem o teu rosto, no silêncio absoluto, ouvia bem a tua voz.

Finalmente chegávamos à aldeia muda e calma e por ali ficávamos mãos dadas a sonhar, tudo a nossa volta era sentimento, amor e piedade e a noite que caia era alma que subia.

07 outubro 2010

com palavras...

O rio tal como o tempo não volta atrás nem nunca se detém. Tem ainda a capacidade de saltar margens e criar novos leitos novas margens novas paisagens.

Quando isso acontece é como se o rio transpusesse uma linha de segurança que existe pela segurança, protecção e clareza.

Mas aquilo que para uns é uma linha de segurança para outros é apenas um limite e a verdade é que quanto mais rígido for maior é a tentação de o transpor.

O único problema é que assim que o transpomos é quase impossível voltar atrás e nesse instante o rio continua a crescer em direcção ao mar na ilusão que vai mudando a paisagem a sua passagem mas a verdade é que tudo continua igual e tudo o que nos resta é adaptarmo-nos a mudança ou ficar para trás.

E é assim também a vida.

08 março 2010

Horizonte...

Tantas vezes sentimos a vida como um barco quebrado ou uma concha vazia…

O que somos sem juízo e sem memória?

Fantasmas ou um corpo em busca de uma alma?

Sem termos uma bússola, como poderemos saber se o nosso destino é a procura pelo bem? Podemos obedecer aos demónios que sussurram ao ouvido?

Começamos sempre com a página em branco desejosa de ser escrita…

depois o corpo ganha vigor quando o coração tem uma missão…

31 janeiro 2010

Igualdade...


Por quanto tempo podemos viver assim, vagueando pelo deserto de paisagens afectivas pessoais escondidas do mundo?

Os tempos mudam e precisamos de mudar com eles…

Precisamos parar de fugir, de viver nas sombras, temos que ser mais fortes, mais audazes…

O problema porém é que... há poucos de nós capazes de se revelar e opor resistência a dogmas e tradições…

Mas o nosso destino é sermos grandes, por isso precisamos de aumentar a nossa coragem para que os mais novos não tenham o mesmo fardo com que nascemos.

Vagueámos como nómadas merecendo uma casa numa terra prometida.

Hoje aleitando raízes e construindo uma vida deixamos de ser apenas uma comunidade… vivemos livres… e no final de cada dia e em cada regresso, não vaguearemos mais…

Estaremos, finalmente... em casa… nesta planeta que é de todos.

13 janeiro 2010

Momentos...

Há um momento em cada caminho, onde tudo se muda, um momento quando o caminho se une a algo, assim como as alianças em linhas de batalha que mudam de lado, e as normas de compromisso são reformadas.

São esses momentos que podem mudar a natureza da batalha e mudam as coisas para um dos lados. Quando isso acontece, fazemos o que podemos, para entendê-los. Tentamos ao máximo estar prontas para às mudanças, fortificamos os nossos corações, contemos os nossos medos, juntamos as nossas forças, e procuramos por sinais nas estrelas.

Mas o que motiva essas mudanças no caminho... permanece um mistério, é quase como o destino da mão invisível, que move as peças no tabuleiro da vida.

Não importa o quanto nos preparamos para elas, o quanto resistimos às mudanças, antecipamos o momento, lutamos pelo resultado inevitável.

No final, nunca estamos realmente preparados, quando isso se defronta.