07 dezembro 2009

sem sentido...

Será que todas as pessoas solitárias comungam de uma característica comum, sei lá do género de serem oriundos de um mesmo secreto lugar no mundo?

Eu acho que não, as pessoas solitárias são aquelas que vivem para os outros, ignoram as próprias necessidades e procuram encontrar a sua própria paz na alegria dos outros, chegam mesmo a ignorar os amigos e família, apenas pelo bem-estar dos outros… afinal não falo de pessoas solitárias, falo sim de pessoas apaixonadas… sim, uma pessoa apaixonada e uma pessoa solitária, e não há nada no mundo que nos faça sentir mais sós que o final de uma paixão, é que ficamos apenas nós mesmas… transformamo-nos numa autêntica ilha e o segredo para resistir é quando alguém faz alguma coisa e nesse instante sabemos que não estamos sozinhas…

28 outubro 2009

Dor...

Ao longo da vida colhemos muitos ensinamentos para combater a dor mas muitos poucos que nos ensinam a desfrutarmos da vida...

Sabemos praticamente reconhecer todas as formas de dor, sofrimento mental, aflições, perdas, arrependimentos, enfim definições que nunca mais acabam. Na verdade são apenas definições que raramente são válidas.

A dor não é comum nem sofre sempre da mesma origem, umas vezes é pela vida, outras pela perda e outras ainda pela mudança.

E quando sentimos que a dor é extremamente forte, só nos resta lembrar que a qualquer instante tudo pode mudar.

09 outubro 2009

Sentidos...

O céu é húmido e fresco neste final de tarde abandonada, aberta a todas as vozes, que instante perfeito de coragem para receber um aviso de uma verdade primordial. O tempo não passa por mim, é de mim que ele parte. Por agora o tempo não existe.

Como imaginar o futuro? Quantos anos ainda me esperam? Que caminhos desertos ou de companhia me esperam? E o passado que posso ver nele do que me sinto, me sonho, me alegro ou me sucumbo? O meu futuro será este instante desértico, ou será tudo aquilo que me projecto.

Lembro-me da minha infância, de tudo o que me ofendeu ou sorriu, o que sou vem daí e sou eu ainda agora ofendida ou risonha, a vida é cada instante, cada eternidade onde tudo se reabsorve.

Sou agora irremediável como a absurdez de uma pedra. O que sonho mal é um sonho porque o espero violentamente, o desejo na experiência do meu corpo. Terei pois como destino esta agitação constante de nada? Será pois uma ilusão o termo da minha luta esse termo que eu me invento talvez só para a dignificar? Sei o que quero, porque eu sei o que desejo, mas pode a vida não sabê-lo, a vida também sou eu, o que ignoro de mim amanhã também é a minha vida. De que segredos se resolve uma vida? De que pressões, obstáculos, sacrifícios?

Aquilo de que falo está dentro de mim, sou eu... se algum crime houve em mim, foi só o de ter nascido.

01 outubro 2009

Divagações...

Habitualmente estamos sempre a espera que apareça alguém que nos diga qualquer coisa para nos fazer sentir melhor porque este é provavelmente o caminho mais curto e menos doloroso para sentir mais cor na vida e no amor…

Mas na vida e no amor também é preciso sentir a dor, e é isso que nos faz especiais, que nos faz mais bonitos que nos valoriza…

imaginem a dor com que amamos…

vem sempre acompanhada de esperança, sim esperança…

e a verdade é que no meio dela, podemos passar por alguns lugares…

agonia…

optimismo…

fé…

mas o que importa mesmo é nunca perder a noção que somos humanos, temos vida…

e isso é efectivamente tudo o que nós temos….

para dar e receber…

13 setembro 2009

Cartas a M...

Agora já conheço a velha luz da madrugada que te ilumina quando te acorda.. todas as ruas por onde passas já me são conhecidas... o movimento que te acompanha no passar das horas mortas, levando de braço dado a legião de imagens e sensações da vida vivida junto de ti, já nada me é estranho...

Reparas quando a luz pura do sol vem beijar a flor, e lhe acende mais a cor e lhe dá mais formosura? assim a mim me basta tu, para me dar mais ventura,..

Sinto o teu rosto lindo sem par, com esse tocante olhar, suave como lâmpada sagrada que rompe como a luz na madrugada, aconchego-me ao teu cândido rosto quando o anel da tua boca luzidia, vermelha como a rosa cheia de cor, em beijos loucos me abre a saudade e mil rosas se desfolham em minha face...

03 setembro 2009

31 julho 2009

A verdade...

Habitualmente gostamos de dar um sem número de coisas, desde conselhos a mais completa atenção…
mas a coisa mais difícil que se pode dar a alguém, é de longe a verdade…
Porquê?
Porque a verdade é dura…
A verdade é estranha…
A verdade dói…
Claro que toda a gente diz que prefere a verdade, mas será que preferem mesmo?
Pois eu acho que fundo ninguém a quer ouvir, e tantas e tantas vezes só falamos a verdade porque é tudo o que temos para dar….
Outras vezes há em que falamos a verdade para nos poderem ouvir…
Outras vezes porque não conseguimos evitar…
Outras ainda porque devemos isso a quem nos escuta…
E agora pergunto eu...

quantas verdades existem?

28 julho 2009

Noite...

Sinto a luz da noite profunda, noite impossível sem estrelas, que torna o silêncio quase visível, a noite imensa tudo escurece...
Melancolia afunda a mágoa que me exaspera, negra a saudade que me devora, vivo dias inteiros sem primaveras, e as manhãs acordam sem a luz de aurora...
A saudade do futuro transforma a sombra em luz, a névoa em cor, o céu abre as alturas e recebo da lua a luz que me aquece, das nuvens a água que cai e torna a terra menos dura...
Quando te imagino, a linha do horizonte é um fio de asas, à tua volta pairam frementos de luz, teus olhos irradiam doces olhares que invadem a minha alma, numa carícia dolorida de saudade...

e assim meus olhos tristes sorriem...

22 julho 2009

Necessidades...

Os seres humanos precisam de muitas coisas para se sentirem vivos…
entre elas poderia enumerar…
Família…
Amor…
Sexo…
Mas na verdade só precisamos de uma coisa... para estarmos vivos.
Precisamos de um coração que bata…
O grande mal é que as vezes, deixamos o nosso coração ficar em perigo...
Nessa altura só há duas formas de reagir…
Ou corremos... Ou... Atacamos. Lutamos... Ou fugimos...
É o instinto…
Não podemos controlá-lo…
Ou podemos?

19 julho 2009

...

Ao longo da nossa vida temos momentos em que a realidade encontra forma de aparecer e nos surpreender de uma feição muito traiçoeira… nesses momentos sentimos mesmo o dique a rebentar e só nos resta nadar.
Isto só acontece porque teimamos em prolongar a nossa existência no mundo do fingimento na forma de uma jaula, apenas isso, nem sequer é um casulo. Lá dentro podemos moldar tudo a nossa medida e até conseguimos mentir a nós mesmas durante algum tempo. É sempre fácil ceder ao medo do desconhecido, esse desconhecido que por vezes nos deixa tristes, sem alma, sem tentação de libertar o sorriso, o olhar...
Porém chega um tempo em que o cansaço nos domina e assusta e por mais que neguemos não conseguimos alterar a verdade.
A negação começa por ser um simples rio mas rapidamente se transforma num enorme oceano.
E depois… o que fazemos para não nos afogarmos?

15 julho 2009

Falar...

Falar é a primeira coisa que realmente aprendemos na vida, mas o engraçado é que quando crescemos, e já temos um bom vocabulário para utilizar, mais difícil se torna saber o que dizer, ou como pedir aquilo de que realmente precisamos.
Na verdade no final de cada dia, há coisas sobre as quais não conseguimos deixar de falar, há coisas que não queremos ouvir e ainda há coisas que dizemos porque já não conseguimos ficar calados…
Vocês que já sabem falar, dizem sempre tudo ou também se vão se calando?
Eu por mim não vou fingir mais.
Não vou ficar sentada e deixar-me ser controlada porque estou pronta para ser eu a tratar das coisas…
Há coisas que são mais do que aquilo que dizemos, são o que nós fazemos…
Há coisas que dizemos porque não temos outra escolha.
Há coisas que guardamos para nós…
mas de vez em quando...
há coisas que, simplesmente, falam por si….

12 julho 2009

Ser adulta...

Cada vez menos sei o que é ser adulta…
Depois de toda a infância percorrida é natural sair de casa e criar uma nova família, embora deixando muita coisa para trás, a verdade é que aquelas inseguranças básicas, os medos e aquelas feridas todas que cresceram connosco, em momento algum nos largam...
e mesmo quando pensamos que a vida e as circunstâncias nos irão forçar a nos tornarmos mesmo adultas...
mais altas, maiores, mais velhas…
continuamos umas crianças, a correr no recreio, a tentar desesperadamente encaixar…
Passam os anos e a verdade é que sendo possível amadurecer, é muito difícil conseguir, porque afinal de contas, continuamos a quebrar regras, a fazer birras quando as coisas não correm como queremos, a dizer segredos no escuro aos melhores amigos, nunca deixamos de procurar conforto que desejamos e mesmo contra toda a lógica e experiência que a vida nos vai dando, nunca perdemos a esperança de vir a ser adultas…

07 julho 2009

Começar de novo…

Não falo daquela altura da viragem do ano, falo daquele colocar o passado para trás das costas e começar de novo…
Sim eu sei que não é assim que se resolve o presente mas as vezes, é difícil resistir…
Quase sempre é um acontecimento que nos faz sentir esta vontade de recomeçar…
Acreditamos numa nova esperança, uma forma nova e diferente de viver e olhar para o mundo, tentamos sempre esquecer os velhos maus hábitos, memórias menos boas antigas…
Se é importante nunca deixar de acreditar que se pode sempre recomeçar de novo, também não devemos esquecer que no meio de tanta coisa que tentamos deixar para trás, existem algumas que vale sempre a pena mantermo-nos ligados…

É através desse vínculo que escrevemos a história da nossa vida, desde o simples começar até ao momento que acabam as palavras...

30 junho 2009

Esperança…

Habituei-me a viver num mundo com os piores cenários, e nesse processo acabei por me isolar na esperança de encontrar algo melhor, mas a maior parte das vezes esse melhor nunca acontece…
Porém coisas extraordinárias acontecem e ao contrário dos meus piores julgamentos, nesses instantes tudo parece possível, a esperança nasce, a dor diminui, o cinzento ganha luz…
Encho-me de expectativas, expectativas dos caminhos que irei traçar, das pessoas que irei ajudar, da diferença que farei...
Grandes expectativas sobre quem serei…
Sempre acreditei que seria grande...
mas hoje paro e percebo que não sou grande, sinto-me traída porque as minhas expectativas não se cumpriram….
É nesse momento que o esperado, simplesmente acaba em... comparação com o não esperado…
Embora sendo o esperado que me mantêm firme… ele é apenas o começo…
O não esperado... é o que muda a minha vida…
Ter esperança, é tudo o que me resta...

25 junho 2009

Celebrar...

Cada vez mais admiro a luta que implica ser, simplesmente, humano, é uma luta diária sem prazos mas com regras… e nunca deveremos deixar de dar graças pelas coisas que sabemos e também pelas coisas que nunca saberemos. ..
E, ao fim de cada dia, o facto de termos tido coragem para ainda estarmos de pé...
é motivo suficiente para celebrarmos a vida…

23 junho 2009

Desejo...

Vezes de mais, aquilo que mais queremos, é o que não podemos ter…

e mesmo assim não conseguimos evitar que o desejo nos quebre o coração… desgasta-nos...

e pode até arruinar a nossa vida….


Mas, por mais difícil que seja querer algo,

as pessoas que mais sofrem são as que não sabem o que querem…

21 junho 2009

Acreditar...

Tenho dias em que recordo muitas vezes de quando era criança e acreditava que o meu futuro poderia ser escrito como um conto de fadas, não como aqueles cor-de-rosa, aliás não sei se seriam bem contos ou se seriam sonhos ou desejos de como a minha vida seria… Uma vida feliz sem preocupações maiores, no meu caso sem Príncipe Encantado mas com um castelo numa colina rodeado de muita natureza... e, à noite, quando fechava os olhos na cama tinha total e completa fé que o dia seguinte seria igual ou melhor…
Mas o tempo em toda a sua nobreza acaba por nos fazer crescer. Um dia, abrimos os olhos e o conto de fadas desaparece… nesses momentos procuramos encontrar algo em acreditar e confiar, mas no final das contas, a fé é uma coisa engraçada. Aparece e desaparece quando menos se espera.
É como se um dia percebêssemos que o conto de fadas pode ser um pouco diferente do que sonhávamos. O castelo, bem, poderá não ser um castelo… e começa a não ser tão importante que se seja feliz para sempre, apenas que se seja feliz agora…
De vez em quando, muito raramente, as pessoas surpreendem-nos, e de vez em quando, as pessoas até podem tirar-nos a respiração, mas há outras vezes ainda que nos deixam com a alma vazia…

16 junho 2009

Demasiado...


As coisas boas nem sempre são o que parecem, porque na verdade ao longo da nossa vida, vamos alterando os desejos, as sensações, os sentimentos e os sonhos… mas uma verdade fica, demasiado do que quer que seja, até amor, nem sempre é algo bom… o problema é perceber quando é que o demasiado é demasiado.
Demasiada informação…
diversão…
sensações…
amor…
exigência…
sentimentos…
sonhos…
Quando é que tudo é demasiado para aguentarmos?

12 junho 2009

Valeu a pena...

Sempre que algo corre mal a tendência é culpar o destino por ter feito uma má escolha mas tantas vezes escolher nunca é uma opção.
Mas a vida tem me dado algumas certezas, o amor, bem como a vida, passa por tomar decisões, por vezes fáceis mas outras extremamente dolorosas.
Sempre acreditei que as vezes, estamos destinadas a ficar junto de alguém mas apenas algum tempo, e depois lentamente o tempo acaba… sinto que se soubéssemos de antemão talvez tudo ficasse melhor pois com toda a certeza iríamos aproveitar ao máximo, todo o presente.
Sempre achei que quando crescesse iria controlar facilmente o meu destino, nunca iria deixar que nenhum amor ou coisa parecida me arrastasse….
Cada vez mais acredito que, em grande parte, o amor tem a ver com escolhas… tem a ver com pousar o veneno e o punhal de todos os nossos medos e incertezas e criar o nosso próprio final feliz, mas se por vezes e apesar das nossas melhores escolhas e das nossas melhores intenções, o destino ganhar, temos que conseguir dizer sempre:
Valeu a pena.

08 junho 2009

Adiar…

Sinceramente nunca consegui perceber porque adio sempre as coisas, mas se tivesse de adivinhar, com toda a certeza que diria que tem muito a ver com medo… medo de falhar, medo de sofrer, medo de ser rejeitada… Mas às vezes, é apenas o medo de tomar uma decisão…
Questiono-me... e se estiver enganada? E se cometo um erro que não posso desfazer?
Eu guardo sempre tudo até ao último minuto… e depois nesse instante acabo por perceber que o tempo certo para dizer as coisas já passou…
Sempre que hesito perco e nunca poderei fazer de contas que não me avisaram…
Passamos o tempo todo a ouvir os ditos, a ouvir os filósofos, a ouvir os nossos avós a falarem do tempo perdido, até chegamos a repetir todas as balelas dos poetas a dizerem-nos para vivermos o momento… mas mesmo assim, às vezes, temos de ver por nós mesmos, temos de cometer os nossos erros, temos de aprender as nossas lições, temos de varrer a possibilidade para baixo do tapete do amanhã, até não podermos mais, até que finalmente percebamos que saber é melhor do que imaginar, que acordar na realidade é melhor do que dormir no sonho… e que até o maior e o pior dos fracassos, o mais crasso dos erros, é melhor do que nunca tentar…
Sabendo tudo isto, porque continuo a flagelar-me e a adiar?
Olha... sabes que te digo? Gosto de ti e pronto.

01 junho 2009

If it be your will...

Reconheço que muitas sensações e desejos habituais me abandonaram nestes dias que passaram… terá sido apenas o constatar de uma certa incompatibilidade, no fundo sou ágil e voraz como os leões, mas inconsciente e pacifica como as cegonhas… ainda assim recuso conhecer-me e aceitar-me como sou…
Gosto de me confrontar, repreendo-me e exijo tanto de mim que acabo por pedir demasiado aos outros… por vezes sinto que posso tanto…
As palavras agitam-se no meu pensamento, querem sair de mim, apressadas quase como em fuga, nada permanece… não tenho certezas sobre nada, não tomo decisões… mas assim também não posso viver…

ando constantemente sobressaltada, absorvo incessantemente todos os pormenores e contradições que saem do teu pensamento…

mas de cada momento que fico parada a olhar para ti…

tudo o que vejo é um vento inconstante, ora quente e próximo, ora frio e distante…

23 maio 2009

Da lamechas para Ti…

O mundo gira apressado e a noite é já longa…
Falta-me algo…
Começa a ser constante esta sensação de vazio…

Dou comigo a esperar com uma paciência absurda de quem nada deseja ou anseia…
Fica-me a vontade de nada fazer e perco-me em mil pensamentos e em mil indecisões…
Ai que vontade enorme de ser soberana a todos estes sentimentos…

Dou comigo a declarar as minhas inúteis vontades sem abrir a boca…
Ai se tu visses agora os meus olhos, tanta coisa te diriam…

Anda vem comigo, dá-me a tua mão e deixa que eu te guie por este caminho…
Não sei onde nos levará, mas sei que enquanto durar a viagem o tempo não contará…

Sabes…
Penso muito em ti…
Que mais posso eu fazer para além de gostar assim tanto de ti…

17 maio 2009

... Enclausurada...


Ao que me deleito em toda a melancolia?
Abafo o mundo na solidão
renasço no negro de mim
para num só segundo voltar a morrer
e assim foi...
o renascer
tudo é passado... a cada momento...
e uma vida foi... e uma vida vem...
e o vazio... esse...
só eu sei...
só eu sinto...
só eu pressinto tudo o que contém...
e assim se dita...
o morrer... e o renascer...
o viver... e o esquecer...
assim se faz a história, assim se perde a memória...
Assim permaneço... enclausurada nas muralhas de mim...
o mundo é o meu pastor... a solidão o meu inimigo...
deito o meu ser então...
nas garras do punhal mortal...
adormeço...
na solidão...

13 maio 2009

Para ti...

Hoje falo para ti… sim para ti… os sonhos vão muito para além do que sentimos e pensamos, o sonho não é o que vivemos quando dormimos mas sim o que criamos com a nossa imaginação diurna.
Será que os sonhos ficam sem destino quando não é possível materializá-los ou sequer compreende-los totalmente?
Quando sonhamos na noite, ultrapassamos a realidade dos objectos das coisas mas quando sonhamos de dia atribuímos-lhe outro valor real além do valor aparente e a maior parte das vezes surgem-nos assim de repente duma maneira totalmente nova…
Hoje, agora, neste instante, atrevo-me a lembrar o sonho…
Não sei se outrora estava indecisa entre o céu e a terra… mas hoje tu és a minha inquietação e a minha esperança.
As vezes, apelo ansiosa ao meu anjo implorando e quase exigindo que ele me assista nos meus desfalecimentos de ânimo e nos meus rasgos de vaidade, sem demora e sem piedade e imploro que encontre a noite interior da incerteza da dúvida e da angústia da alma… e nesse instante tudo se resolva, tudo se defina e em tudo se encontre paz…

Fica a certeza que de tudo o que há-de vir nasce a esperança e de tudo o que passou nasce a saudade…
Hoje vi o sol assim envergonhado e escondido nas nuvens indecisas
entre a pureza do branco, a brandura do cinzento e o terrível do preto…

11 maio 2009

Cansaço...

O céu é húmido e fresco neste fim de tarde abandonada, aberta a todas as vozes, que instante perfeito de coragem para receber um aviso de uma verdade primordial… O tempo não passa por mim, é de mim que ele parte…
Quero imaginar o futuro…
Quantos anos ainda me esperam?
Que caminhos desertos ou de companhia me esperam?
E o passado que posso ver nele do que me sinto, me sonho, me alegro ou me sucumbo?
O meu futuro será este instante desértico, ou será tudo aquilo que me projecto.
Lembro-me da minha infância, de tudo o que me ofendeu ou sorriu, o que sou vem daí e sou eu ainda agora ofendida ou risonha, a vida é cada instante, cada eternidade onde tudo se reabsorve…
O que sonho mal é um sonho porque o espero violentamente…
Terei pois como destino esta agitação constante de nada? Será pois uma ilusão o termo da minha luta esse termo que eu me invento talvez só para a dignificar?
Sei o que quero, porque eu sei o que desejo, mas pode a vida não sabê-lo, a vida também sou eu, o que ignoro de mim amanhã também é a minha vida.
De que segredos se resolve uma vida? De que pressões, obstáculos, sacrifícios?
Aquilo de que falo está dentro de mim, sou eu...
se algum crime houve em mim, foi só o de ter nascido.

04 maio 2009

Poderia...

Poderia matar-te esta noite… e depois choraria o quê?
A tua morte seria demasiado fugaz, não seria satisfatória.
Ir-me-ia faltar algo…
O prazer da dúvida e da incerteza.
Ainda te espero, aguardo paciente, um último golpe, o mais profundo.
Aquele que irá juntar as lágrimas outrora silenciosas ao soluçar desmesurado da dor total.
E onde reside esta dor magnânima e prepotente?
Em mim…
É em mim que residem, suspeitos estes sentimentos exacerbados e explorados ao limite.
Afinal admito, é assim que sobrevivo, apenas com sentimentos extremos.
Só a dúvida te fará permanecer dentro, em mim.
Sou demasiado complicada para ti…
Olho-te e vejo uma massa disforme ansiosa de ser moldada…
Pediste-me um livro para descodificar códigos e acessos e eu entreguei-te mas não me dei a mim…
Mas eu falei para ti…
Com a alma nos olhos e o coração, traduzindo em palavras indecisas e incertas como as aparições da lua…
Tudo pendente do tempo… As vezes, fui tua em breves olhares… mas dar-me a ti… como?
Se nem eu me tenho!

28 abril 2009

Solidão...


A solidão dói quando é aceite…
quando finalmente nos rendemos ao seu dissabor e encantos, quando num último suspiro aceitamos o seu abraço…
então sim a solidão dói…
por nada mais lutamos ou desejamos…
hoje só me apetece fugir da vida e de tudo o que ela envolve…
os compromissos, as relações, as obrigações, os objectivos, o quotidiano…

fico nesta apatia, nada me perturba, nem agita ou incomoda…

20 abril 2009

Vens...

Sonhei com um pássaro á janela com grades de algodão, tão suaves e macias que seria talvez pecado tentar atravessá-las…
Sonhei ainda que era rainha das ondas… do céu eterno… e da penumbra dos mais tristes… e porém senti-me inferior…

o desespero das encruzilhadas dos trilhos desconhecidos…
o adeus e o arrependimento….
A solidão reconfortante….
a escravidão das palavras que deixamos fugir…
a posse das palavras por dizer…

Hoje quero ir ver o mar, mas quero a tua companhia…
vens comigo ver o mar?

09 abril 2009

Paz...

Admito e reconheço uma falta de coragem que me enoja ao aperceber-me da causa… a solidão que tanto aprecio começa a assustar-me…
Tenho no entanto uma decisão tomada, se neste cruzamento tiver que optar entre o caminho da esquerda ou o da direita, não serão os factos passados que me irão ainda ajudar a decidir…
Ignoro ambas as saídas e sigo um outro rumo… sozinha é certo, mas assim mais leve, porque este peso na consciência é que me está a matar aos poucos…
Esta tristeza é que me consome e torna assim insensível e desesperadamente trivial…
Sinto-me indefinida, dominada por uma bipolarização de sentimentos, desejos, emoções distantes e opostas, como a noite do dia, que fazem no entanto parte de um mesmo ciclo. Completam-se, quase consigo encontrar duas pessoas que habitam em mim…
Mas são algo difíceis de distinguir, não é tão relativo quanto o bem e o mal… antes fosse…
Hoje confessaria tudo… confessar? Não como quem confessa que pecou… eu não pequei…
Esta sede incomoda-me a alma… sinto-me desidratada e não encontro a fonte de calor que me seca e consome…
Quero ter coragem, abrir bem a boca, encher o peito de ar e gritar a minha individualidade… deixar de vez estes sentimentos que me proíbem de viver a independência com a liberdade que me cabe de errar se assim tiver de ser…
Sufoco…
Começo a capitular…
Quero paz…

03 abril 2009

Sentir...

As coisas tem sido diferentes para mim...
já algum tempo que eu dou comigo a pensar em ti....
muito mesmo ultimamente...
será que algum dia me irás perdoar...
Por pensar assim tanto em ti...
"É um caminho louco,
anda às curvas,
anda talvez em círculos.
Que vá por onde quiser,
eu segui-lo-ei"
(Siddartha)

31 março 2009

Hoje...

Estranho-me quando sinto esta tranquilidade na minha consciência mas a verdade é que não há melhor sensação nesta vida que a paz interior… será por isso que a vida é tão efémera…
Não vou falar de felicidade ou da sensação de realização plena que o mundo inteiro apregoa como a busca máxima de uma existência…. O que eu penso é algo simples mas de uma simplicidade que incomoda… chega até a ser estúpida…
Porquê dizer amar em vez de gostar? Porquê dizer adeus em vez de até breve?
É nestas enormes diferenças de palavras que se criam sombras que nos perseguem vida fora… hoje uma dúvida, amanhã uma questão… e a não certeza dura… alonga-se… arrasta-se lentamente cobrindo toda a nossa existência, assim tão lentamente como quando a noite invade a luz do dia…
Gostava por vezes de possuir a capacidade de me trivializar, de me banalizar um pouco e ceder ao movimento irracional… no entanto o meu coração é um vasto cemitério e o peso na consciência a corda que me irá enforcar….
Ensinaram-me o eterno presente… e eu… acreditei…

22 março 2009

Pena de mim...

Não tenho ou sinto qualquer pena de mim...
não sintam ou tenham pena de mim...
eu própria não valho a pena...
os segundos contorcem-se ao tic tac do relógio e o pano de fundo com aquela música repetitivamente confrangedora, inquieta-me... como um gosto de me torturar!Dá-me um certo gozo, admito, testar os meus limites, a minha capacidade de auto-superação... sinto que por vezes a minha mão é domada por uma força que me é desconhecida e que a impele a juntar estes caracteres sem qualquer significado... que desperdício de minutos… viver a vida assim pelas palavras... como seria a realidade se todos os nossos desejos se realizassem?Haveria muito menos gente no mundo certamente. Garantida, só a morte e o esquecimento... Morrer todos morremos um dia, mas só alguns conseguem viver… pergunto-me onde está o lugar dos que não morrem (ou não morreram ainda) mas que também não vivem? …Onde ficam os lugares dos espectadores desta grande peça de teatro?
não sintam ou tenham pena de mim...
eu própria não valho a pena...
hoje sinto-me assim como esta ruela abandonada no tempo...

17 março 2009

Recomeçar...



De novo tudo começa,
como um ciclo da natureza,
a vida é uma gota de água que corre pelos rios,


no caminho evapora-se
e assim aparecem as nuvens


que depois mais tarde voltam com a chuva
e de novo correm pelo rio.

15 março 2009

Histórias para adormecer...

Hoje, vou contar-te uma história que inventei antes de adormecer:
Era uma borboleta que queria muito ser uma chamuça, daquelas que tem três bicos, com pele dourada e estaladiça e cheiram a caril . Um dia ao voar, caiu dentro de uma frigideira e quando deu por ela estava a ser servida pela cozinheira com arroz basmati. Ninguém à mesa do restaurante, a não ser a pequena Maria, deu conta da distracção da cozinheira. Só ela notou que a chamuça não tinha nem três bicos nem a pele estaladiça! Ao invés disso era uma chamuça colorida que se contorcia aflita por entre os grãos de arroz. - Tu não és uma chamuça verdadeira, pois não? – Perguntou-lhe a pequena Maria. - Sou! Ou melhor, queria muito ser. Achas que se nota muito? – Retorquiu-lhe baixinho a borboleta. - Não tens três bicos! – Respondeu-lhe escandalizada a pequena Maria – Mas se quiseres posso comer-te e dizer no final que és uma chamuça deliciosa. - Fecha os olhos e saboreia-me. Vais ver que não notas diferença. A pequena Maria trincou delicadamente a borboleta que queria muito ser uma chamuça. Saboreou cada cor, cada pedacinho dela e no final do jantar já tinha bocadinhos de borboleta a esvoaçar dentro dela pela altura do umbigo!
Não contente e porque nunca conheci uma borboleta destas, decidi que era uma vez uma chamuça que queria muito ser borboleta! Um dia, alinhada com as irmãs numa travessa de metal, veio uma menina que a segurando delicadamente entre os dedos - para não deixar cair migalhinhas ao chão - a trincou e num fechar de olhos a comeu toda! Foi assim que a chamuça se tornou uma borboleta enquanto viajava até ao estômago da menina. No dia seguinte a menina sentia cócegas na barriga e pediu à mãe que lhe fizesse uma rede de chocolate. A mãe não estranhou o pedido pois sabia que borboletas esvoaçantes só se apanham com uma rede pequenina e doce! E pronto, acabou-se a história que afinal não é uma mas duas!
2009/03/14 - Garamond

25 fevereiro 2009

Frágil...

Conseguirei de novo encontra-me ainda que a madrugada tarde em chegar… revejo-me no tempo e em lugar nenhum me encontro… vejo outra, sim, semelhante também mas não sou eu… vejo a minha boca e expressar um não e a dizer o sim da aceitação…
Talvez fosse melhor que o meu lado racional se apoderasse de vez de mim, me tomasse totalmente para que este sentimentalismo se evaporasse por completo… Orgulhosamente só? … Eternamente só? … E o que é a eternidade… não existe tal coisa…
Viverei enquanto me recordarem… quando fechar o último olhar chegará o esquecimento profundo e total da minha passagem por este mundo… virá uma maré cheia que apagará as minhas pisadas…
E os outros viverão muito mais em mim? Esses sim… Eternamente… que o meu coração embora feito depósito de amarguras e lembranças tristes… também é feito das águas que matam a sede… mas não a minha, nunca a minha…

21 fevereiro 2009

... Memórias...


De todos aqueles que por ali passam, num auge de plenitude de viver cada retalho monumental da natureza…


De todos aqueles que por ali pousaram os seus olhares, quiçá oprimidos ou reprimidos, repletos de cumplicidade ou nostalgia…


De todos aqueles que por ali reviveram memórias ou desbravaram aventuras…


De todos aqueles que por ali passaram… Quantas almas repousaram nos braços bravios da natureza…


Se por um só momento libertam as libertinas amarras em que vivem em escravidão, toda a multidão viverá em eterna comunhão… Mas quão ambíguos, egoístas, promíscuos e desordeiros será cada um daqueles seres que por ali passaram…
Nem tu, nem eu, nem a multidão viverá desses retalhos… Suprimimos cada pedaço que renasce em nós de um ser melhor e mergulhamos na imensa auto-contaminação de nós mesmos… Pois tudo findará e apenas restarão memórias desfocadas e lembradas com um sorriso…
E tudo se perde… Por um só momento seguinte…


Cada etapa… Um enclausuramento de nós em nós…


Um dia, tudo será… Apenas memórias…

18 fevereiro 2009

Anónimo...

Definitivamente o meu espírito criativo encontra-se acompanhado por uma sombra que desconheço… a cada palavra que solto, olhos ocultos absorvem a totalidade dos sentimento que eu deixo florir… Nestes instantes perco o sentido das coisas e a minha mente desdobra-se em milhentas interrogações… quem és tu que revelas conhecer-me tão bem pelas palavras que plantas aqui na minha alma?


Hoje o céu rodeou-me de azul embalando-me...
tudo ou nada… sempre esta escolha, porque não haverá um meio termo…
eu não me conheço, como podes tu conhecer-me?
Escrevo, escrevo e escrevo e tantas vezes não me reconheço
nestas dores que aqui derramo, tontas e absurdas…
perdi-me de mim em algum recanto destas palavras
e desta existência sem sentido...
Agora já nem o destino me acompanha e até a minha pobre pena
me olha de soslaio e troça de mim parecendo dizer…
eu sei quem é…

16 fevereiro 2009

Momentos...

Estou cansada… hoje acordei para a rotina da vida e o dia foi irremediavelmente comum… corri silenciosa as horas e os minutos, escutando aqui e ali alguns sonhos e alguns desabafos… dezena de olhares se cruzaram, uns tristes e sós, outro ausentes, outros vazios e outros ainda perdidos, apenas um ou dois felizes…
Tenho urgência de parar… nem que seja apenas por momentos… terei talvez urgência de começar, algo de novo… sinto essa fúria, pressa e agressividade de começar, escrevo com rapidez e angustia de quem tenta libertar-se das malhas da rede que sufoca… Preciso de calma, de sossegar… cuidar desta inquietação que me consegue ferir lentamente… um sopro profundo e basta…
Renegar à pressão… ao vazio… mas as asas negras continuam a atormentar-me… Hoje nada sei… não respondo a nada nem a ninguém, as janelas agitam-se ao sabor dos ventos frios… não sei o que anunciam mas estranhamente começo a acalmar… a morrer aos poucos desta ânsia de tudo ser e tudo querer e não vencer… melhor teria sido não ter dito nada e talvez riscar de todas as cores e com todos os sentidos criando caminhos bloqueados sem fim nem saída…

13 fevereiro 2009

Há dias assim…

Em certos dias o poder criativo é quase nulo, hoje é um desses dias, sinto em falta a audácia da representação e do protagonismo a que já me habituei...
Não é que nesses outros dias minta, mas quando estou assim como hoje consigo demitir-me do antigo poder de tudo controlar, de para tudo ter uma resposta…
Quando assim estou, deixa de me magoar a incompreensão e consigo desistir da contínua luta para o bem de todos… ora bolas… cada um sabe de si, continuarei prestável, mas não disponível para tudo.

Aproveito os últimos raios de sol… amanhã será um bom dia para traçar os objectivos que já perdi há muito, ainda assim não vou buscar nem vou esperar, vou antes talvez aguardar…
Tenho dias em que a frustração vence a sensação de falta de atenção, outros há em que me sinto detentora de asas que me permitem voar mais longe e só…

Esta é a minha verdade:

A segurança de algumas coisas revolta pela inconstância de sentimentos, cruzamentos infindos e indecifráveis entre o hoje e o ontem…
Acredito na libertação da alma….
Sei que não me devo dar a conhecer e muito menos devo explicações…

Sou…
Existo…
Ponto final…

12 fevereiro 2009

... Solidão...


Ergue-te em ti mesma
Bebe de ti,
Alimenta-te do que te consome...

Serás teu único alimento...

O mundo gira, num frenezim alucinante... O vento urge como laminas que te trespassam nesse teu corpo imóvel à sua passagem... Nesse teu jazigo pessoal derramas os teus íntimos e insanes pensamentos e na tua solidão apodreces lentamente...

Teu único alimento serás...

Teu veneno mortal...

A tua solidão...

05 fevereiro 2009

Desilusão...

Hoje o meu dia acaba vazio...
estou em plena desilusão de mim mesma...
as vezes pergunto-me para quê tudo isto?...
tantas preocupações, tantas angústias, tantas tristezas...

Faz frio lá fora e nem a lua escondida consegue mostrar um pouco da sua luz... ai se eu visse a sua luz, de certeza que me aqueceria...
hoje fico assim como um puzzle repleto de peças em falta, perdidas algures no caminho por onde me procuro...
estou cansada...
já não me reconheço nos pensamentos e nem me indentifico com o que digo querer...

estou cansada, estou triste, estou desiludida, sabiam...

02 fevereiro 2009

Ausente...

Ausente de mim e do mundo em geral, quando a arte de representação cai no esquecimento que não suporto e inevitávelmente me escondo...As vezes sinto-me inferior a todos e inferior a mim mesma e fico assim como que vazia... a imensidão abismal do vazio impera e reina... gostava de poder amar eternamente sem preconceitos e sem receios...
Num suspiro profundo lembro que hoje a chuva caiu coerentemente...
A luz diurna já escasseia, mal chega para iluminar este quarto onde me abrigo, vários pensamentos me roderaram esta tarde...

Onde estará a minha ponte de passagem entre o que me desconheço e o que me procuro?

30 janeiro 2009

Canto...



Ter um amor, é um bem tão grande, que aquele que ama a todo o instante receia perdê-lo, que frágil e muitas vezes que breve é o amor...



Gostava de conseguir fazer um canto da noite, um canto à noite, conseguir invocar com palavras mágicas e envolventes a lua... e depois poder dizer-lhe... vem com o teu silêncio, com o teu mistério, com a tua calma...


Sim eu sei, sentes as gotas de água salgada no meu rosto... não... não é da chuva, são mesmo lágrimas... sabes as vezes são a voz mais clara do nosso sofrer, mas curiosamente é nelas que o sofrimento por vezes se dilui, por isso sempre que me vires chorar, não te inquietes porque o meu chorar é doce, é como uma porta que se abre para uma promessa de felicidade...
Se vivêssemos para sempre, não acharíamos que o tempo de viver é pouco para realizarmos tudo o que está ao nosso alcance?...


Que tudo na vida seja a nossa missão única, somente encontrar a nossa paz, o nosso destino, o nosso amor, o nosso canto...

27 janeiro 2009

Cansada...

Estes dias cinzentos e despidos de vida quase que nos obrigam a deixar entrar a noite e se por acaso fechamos os olhos sentimos ainda mais forte a solidão...

O horizonte perde-se num emaranhado de cores cobertas pela luz da noite, a suave melodia do vento consome-me e arrasta-me para a lembrança de outro lugar...

Hoje estou cansada, cansada de sonhar, de acreditar e de ter consciência que no fundo nada posso mudar...

Hoje a vida pesa-me...

22 janeiro 2009

Sim e não...

O vazio invade o meu ser... sinto-me perder com as ruas que me invadem...
olho o infinito na esperança de encontrar o lugar, aquele lugar que me vai dar a alegria de ser eu...



Estou perdida em mim, uma rua vazia de incertezas me cerca quando penso... mas não quero ser consciente e sim quero ter a consciência do presente que vivo...

O que sou?
Não sei, porque o nada é indefinido...
sou... não sou... quero... não quero... tenho... não tenho...

O sonho é ainda a fonte da existência...
e quando for pesadelo?

... Contrariedades...


O sopro feroz,
Silenciando...
A voz d um povo,
Arfando...
O robusto libertino,
Orando...
O frágil sacerdote,
Pecando...
A noite negra,
Brilhando...
O límpido dia,
Cegando...
O ontem,
Chegando...
O amanhã,
Findando...
As palavras escritas,
Por dizer...

19 janeiro 2009

... Vício...


Sou em vós a serenidade e insanidade apodrecida...
Sois tudo o que de extremos é bom e degradante...
Sois em mim, as minhas próprias capacidades e as minhas intimas debilidades...
Sois Vício... Meu...
Vício...
Meu sustento...
Meu fim...
Meu solene cantar de um adeus agonizante, uma coragem de desafiar a vida escondida pelo medo da morte...
Sois o fel mortal que tomo por esse cálice que elevo... Sois o sangue que preenche as minhas veias...
Sois o veneno... Sois a cura...
Teu luxuoso capricho de controlo em mim, me encanta e me tormenta...
Sois...
Meu... Início...
Meu... Vício...
Meu... Fim...

18 janeiro 2009

Ainda hoje...

Ainda hoje choveu...
mas as lágrimas celestes não tocaram o meu coração, que não se deixa intimidar...
Ainda hoje não vi o sol...
mas os meus olhos não se entristecem pela falta da sua luz...
Ainda hoje o mundo não me sorriu...
mas o meu coração sorriu para ele...
Ainda hoje, bem cedo na manhã enquanto a lua se deitava, olhei o horizonte e pensei...
Ainda hoje...
e esqueço todo o resto...

16 janeiro 2009

... Descida vertiginosa...


Os punhais do pensamento já foram erguidos e a descida vertiginosa está para breve, até o sulco ser gravado e lentamente desenhado pelo seu gume grosseiro...
Almas atentas, a vós suplico...
Abracem este ser em decaimento...

10 janeiro 2009

Até...

Avança a noite...

encontro-me só, como sempre e aquele espirito vazio e submisso apoderou-se novamente de mim...


estou cansada...


cansada de sonhar, de acreditar e de ter consciência que não consigo mudar nada...


quantas noites insólitas eu vou continuar a viver

apenas na companhia da minha velha amiga e leal lua...


eu com os meus silêncios e ela com a sua sombra quente...

quantas vezes mais vou viver o dia esperando a noite?...

07 janeiro 2009

... Insanidade na corrida do tempo...


Sombras ondulam suavemente na imagem de cada mente sonhadora… Fantasmas assombram cruelmente cada alma sofredora…

Julgamos cada passo que nos encaminha sob a luz ou escuridão, pois quando a meta de cada rota é alcançada tudo se assemelha a algo imperfeito, rodeado de lacunas, pois o nosso percurso fez-se de erros e decisões vãs.

Recosto-me, neste meu recanto solitário…
Recordo todos aqueles rostos que se cruzam com o meu olhar… Desconhecidos e ainda assim intrigantes, pois,
Em cada olhar uma vida…
Em cada vida, um segredo…
Em cada segredo, um sentimento…
Em cada sentimento, uma alma…
Inerente ao passado de cada um,
um traço facial diferente…
Uma frieza mais ou menos perceptível…
Medos…
Sombras…
Fantasmas…
Quanto rebuscamos em nós a obra já escrita e publicada da nossa vida?
Não somos livros de prateleira de livraria cujas edições são revistas para corrigir as falhas existentes. Somos, em cada passo, uma reacção irreversível, cujos reagentes, por mais que sejam adicionados, jamais voltarão a formar o produto final, pois… De todos eles há um intocável…
O tempo, reagente limitante das nossas vidas, inalterado…
Cada momento, cada retalho de um dia, será sugado apenas uma só vez, porque na corrida implacável do relógio nada pára, nem nada lhe pode ser adicionado.
Consumimos então a sanidade de nós, conjecturando hipóteses já ultrapassadas que em nada nos permitem a evolução…
E… Quantos são aqueles que se escondem em personagens de si mesmos?
Quantos aqueles que cobardemente soltam linhas ao acaso, criando um público, um todo a quem chamam “vós”, quando no fundo são palavras articuladas para o espelho de si mesmos?
Somos o que de nós esperam, ou assim tentamos, pois se cada alma falasse…
Quantos seriam aqueles acusados de lucidez?

03 janeiro 2009

Morrer...

Subi ao alto da minha torre esguia feita de fumo, névoas e luar... e pus-me comovida a conversar com as nuvens cinzentas e mortas todo o dia...


Contei-lhes os meus medos, os meus segredos, a alegria tentada dos versos meus, do meu sonhar mas todas as nuvens cinzentas e mortas choraram...


Responderam-me então:
"que fantasia de vida tens tu criatura doida e crente!... também nós também tivemos ilusões como ninguém, mas tudo nos fugiu, tudo morreu!..."


... e assim se calaram tristemente as nuvens cinzentas e mortas... e desde então choro amargamente na minha torre esguia junto ao céu...