02 dezembro 2013

cores...

As vezes gosto de ficar assim refém da minha consciência…
recebendo um dia de cada vez, admirando os segundos que se fundem, os minutos que se perdem e as horas que sucumbem a momentos desenhados por mim…
Não sei pintar, mas sabendo de certeza que poderia ver o mundo através de uma paleta de cores vivas, mas como não sei, sou do preto e branco e defino-me com riscos e rabiscos desordenados, fragmentados, desconexos…
Assaltam-me a memória milhares de pensamentos, dúvidas, escolhas e como sempre lembranças…
as paredes da memória devolvem os temores como um eco…
Deito um último olhar à noite e deixo que o sono me embale nos sonhos…

06 novembro 2013

Descobri que não sou feliz...



Fui-me habituando em cada regresso, olhar a paisagem que se mistura à tarde e morre abrindo passagem para noites frias e silenciosas…
A minha vida está quieta agora, parece mais vazia…

Percebo os dias correndo envoltos numa pressa dissimulada, os anos adicionados às rugas finas da minha pele… 
Acompanhei as flores nascendo nos jardins graças a um sol brilhante e agora os ventos cortantes derrubando folhas…

outono mais uma vez...

Sinto que me acostumei a esperar…

Mas eu também quero viver, quero agarrar aquela folha empurrada pelo vento, quero fechar na minha mão um pouco do sol que me aquece…

Quero, enfim, um pouco dessa doçura que a vida às vezes empresta a quem nunca desiste de enfrentá-la e que eu só encontrarei quando me apaixonar por ti…

24 outubro 2013

Dias assim...

Sempre gostei de dias assim…
céu completamente cinzento, a chuva a banhar todos os cantos da rua…
Sempre gostei de dias assim… 
frios, vazios, incolores e isentos de dor…
Nestes dias assim consigo perceber melhor tudo à minha volta, graças ao corpo gelado pelo vento que corre da serra, mas o coração…
O coração espera por uma tempestade daquelas avassaladoras capaz de aniquilar todo e qualquer pensamento…
Mas dias assim não são bons para estas tempestades, dias assim são dias bons para morrer…
Sim existem dias bons para morrer e hoje é um deles…

17 outubro 2013

Só...

Só entre todos, o espaço cheio de movimentos, palavras soltas por todo o lado, porém estou só…
sem mais nada…
sem mais ninguém…
Apenas eu e o meu pensamento...

Hoje este meu pensamento faz-me sentir um vazio, um vazio que revolta, revolta contra tudo e contra todos…
Pergunto-me porque devemos lutar e correr procurando sentidos e objectivos?
Porquê?
Para quê?
Mas não sabem que tudo tem um fim? 
ah sim pois temos uma razão para viver, sim? Qual? 

O caminho é sempre igual, ser feliz e sofrer, viver e morrer…
será este o objectivo principal deste tempo que passamos aqui? Não tem sentido…
talvez olhando agora pela janela um pouco embaciada, descubra alguma razão, mas tudo o que vejo é a noite passando, ora receosa e tímida, ora apressada e perdida… 


O despertador toca, porém a mesma indagação vai-me perturbando todo o meu ser, não sei o que raio fazemos aqui e por mais que pense continuo sem saber…

08 outubro 2013


Ciclicamente, ouço dentro de mim uma voz a rugir baixinho sobre lugares escuros e secretos… 

é como que um momento que se repete, tal como todos os anos na lua das folhas que caem,

sonhamos com a voz do sonho que dentro de nós se silenciou e que nos permitirá de novo acordar para o mundo 

mas por vezes o Inverno vem outra vez 

e depois nova primavera e no entanto continua longe… 

mas nunca renuncio, e é assim, que todas as noites olho para o por do sol 
e tento retirar a ultima réstia de calor 

do seu longo dia para alimentar esta esperança de ser…

15 setembro 2013

silêncio

O silêncio reina nesta noite, o cansaço também mas eu resisto impulsionada pela luz que entra da janela, vem da lua que se espreguiça num céu pejado de estrelas.
Poderia pegar na caneta cheia de finos contornos mas em vez disso sento-me uma vez mais de frente para esta página em branco reluzente e desejosa de sentir os meus sinais….

Divago…
Escrevo e sinto que espero um sinal teu, esta vã vontade de que em algum lugar ainda não me esqueceste…
Sempre fui demasiado irracional, pergunto-me se não me terei esquecido de crescer? 
Ouso ainda assim desfolhar as memórias e sinto por momentos atingir-me a alegria despreocupada, o esboço de alguém ainda imune ao ataque da idade e do tempo…. Ai que vontade de aí me refugiar e não mais pensar no que sinto e no que será o futuro…
Talvez esta noite sonhe que me perdi num deserto…
Talvez esta noite encontre o fantasma do teu rosto…

Talvez esta noite…

31 agosto 2013

The power of love...

Me: Chama por ti todos os cantos da minha pele, sinto a tua ausência com a volúpia das noites que me acolhem na solidão da alma...

You:
Sinto nas entranhas o quente desejo 
de te ter como o sol possui o mar 
no seu deitar e se nesse instante
sentir a tua entrega, serei rainha 
do teu trono perdido
ainda que por breves e singelas 
passagens do tempo
onde me abandono em ti…


Me: Espero a tua vinda para finalmente poisar a minha boca nos teus lábios 
de doces sabores silvestres, timidamente sedutores...

21 agosto 2013

Cansaço…


O dia aos poucos desfez-se sem grande alarido, e foi dando aos poucos lugar a lua…
Da minha janela ela parece tão deslumbrante, tão confiante e eu… aqui neste desassossego…
Porém sinto-me com a calma e a paciência do velho ancião das florestas virgens… ele sabe que não adianta fugir e eu sei que vai piorar…

Pensar magoa-me o pensamento e entristece-me a alma, não é a cabeça que dói, é o pensamento de tanto pensar…

16 agosto 2013

esperança...



Longas são as horas em que aguardo a tua presença...
o inverno chegará em breve despercebido, e nesse instante em que as tarefas serão mais tristes e as noites mais frias, que desejarei a tua chegada ao início do para sempre...
Deixarei que as estrelas me guiem porque conhecem o meu destino...
e se no dia doo fim do percurso tu lá não estiveres, então não irei chorar,
irei talvez deambular perdida, até que...
eu possa ficar assim, perdida neste horizonte, deslizando pálida e fria, 
pela noite e pelo dia, eternamente...
até um dia...