25 fevereiro 2009

Frágil...

Conseguirei de novo encontra-me ainda que a madrugada tarde em chegar… revejo-me no tempo e em lugar nenhum me encontro… vejo outra, sim, semelhante também mas não sou eu… vejo a minha boca e expressar um não e a dizer o sim da aceitação…
Talvez fosse melhor que o meu lado racional se apoderasse de vez de mim, me tomasse totalmente para que este sentimentalismo se evaporasse por completo… Orgulhosamente só? … Eternamente só? … E o que é a eternidade… não existe tal coisa…
Viverei enquanto me recordarem… quando fechar o último olhar chegará o esquecimento profundo e total da minha passagem por este mundo… virá uma maré cheia que apagará as minhas pisadas…
E os outros viverão muito mais em mim? Esses sim… Eternamente… que o meu coração embora feito depósito de amarguras e lembranças tristes… também é feito das águas que matam a sede… mas não a minha, nunca a minha…

21 fevereiro 2009

... Memórias...


De todos aqueles que por ali passam, num auge de plenitude de viver cada retalho monumental da natureza…


De todos aqueles que por ali pousaram os seus olhares, quiçá oprimidos ou reprimidos, repletos de cumplicidade ou nostalgia…


De todos aqueles que por ali reviveram memórias ou desbravaram aventuras…


De todos aqueles que por ali passaram… Quantas almas repousaram nos braços bravios da natureza…


Se por um só momento libertam as libertinas amarras em que vivem em escravidão, toda a multidão viverá em eterna comunhão… Mas quão ambíguos, egoístas, promíscuos e desordeiros será cada um daqueles seres que por ali passaram…
Nem tu, nem eu, nem a multidão viverá desses retalhos… Suprimimos cada pedaço que renasce em nós de um ser melhor e mergulhamos na imensa auto-contaminação de nós mesmos… Pois tudo findará e apenas restarão memórias desfocadas e lembradas com um sorriso…
E tudo se perde… Por um só momento seguinte…


Cada etapa… Um enclausuramento de nós em nós…


Um dia, tudo será… Apenas memórias…

18 fevereiro 2009

Anónimo...

Definitivamente o meu espírito criativo encontra-se acompanhado por uma sombra que desconheço… a cada palavra que solto, olhos ocultos absorvem a totalidade dos sentimento que eu deixo florir… Nestes instantes perco o sentido das coisas e a minha mente desdobra-se em milhentas interrogações… quem és tu que revelas conhecer-me tão bem pelas palavras que plantas aqui na minha alma?


Hoje o céu rodeou-me de azul embalando-me...
tudo ou nada… sempre esta escolha, porque não haverá um meio termo…
eu não me conheço, como podes tu conhecer-me?
Escrevo, escrevo e escrevo e tantas vezes não me reconheço
nestas dores que aqui derramo, tontas e absurdas…
perdi-me de mim em algum recanto destas palavras
e desta existência sem sentido...
Agora já nem o destino me acompanha e até a minha pobre pena
me olha de soslaio e troça de mim parecendo dizer…
eu sei quem é…

16 fevereiro 2009

Momentos...

Estou cansada… hoje acordei para a rotina da vida e o dia foi irremediavelmente comum… corri silenciosa as horas e os minutos, escutando aqui e ali alguns sonhos e alguns desabafos… dezena de olhares se cruzaram, uns tristes e sós, outro ausentes, outros vazios e outros ainda perdidos, apenas um ou dois felizes…
Tenho urgência de parar… nem que seja apenas por momentos… terei talvez urgência de começar, algo de novo… sinto essa fúria, pressa e agressividade de começar, escrevo com rapidez e angustia de quem tenta libertar-se das malhas da rede que sufoca… Preciso de calma, de sossegar… cuidar desta inquietação que me consegue ferir lentamente… um sopro profundo e basta…
Renegar à pressão… ao vazio… mas as asas negras continuam a atormentar-me… Hoje nada sei… não respondo a nada nem a ninguém, as janelas agitam-se ao sabor dos ventos frios… não sei o que anunciam mas estranhamente começo a acalmar… a morrer aos poucos desta ânsia de tudo ser e tudo querer e não vencer… melhor teria sido não ter dito nada e talvez riscar de todas as cores e com todos os sentidos criando caminhos bloqueados sem fim nem saída…

13 fevereiro 2009

Há dias assim…

Em certos dias o poder criativo é quase nulo, hoje é um desses dias, sinto em falta a audácia da representação e do protagonismo a que já me habituei...
Não é que nesses outros dias minta, mas quando estou assim como hoje consigo demitir-me do antigo poder de tudo controlar, de para tudo ter uma resposta…
Quando assim estou, deixa de me magoar a incompreensão e consigo desistir da contínua luta para o bem de todos… ora bolas… cada um sabe de si, continuarei prestável, mas não disponível para tudo.

Aproveito os últimos raios de sol… amanhã será um bom dia para traçar os objectivos que já perdi há muito, ainda assim não vou buscar nem vou esperar, vou antes talvez aguardar…
Tenho dias em que a frustração vence a sensação de falta de atenção, outros há em que me sinto detentora de asas que me permitem voar mais longe e só…

Esta é a minha verdade:

A segurança de algumas coisas revolta pela inconstância de sentimentos, cruzamentos infindos e indecifráveis entre o hoje e o ontem…
Acredito na libertação da alma….
Sei que não me devo dar a conhecer e muito menos devo explicações…

Sou…
Existo…
Ponto final…

12 fevereiro 2009

... Solidão...


Ergue-te em ti mesma
Bebe de ti,
Alimenta-te do que te consome...

Serás teu único alimento...

O mundo gira, num frenezim alucinante... O vento urge como laminas que te trespassam nesse teu corpo imóvel à sua passagem... Nesse teu jazigo pessoal derramas os teus íntimos e insanes pensamentos e na tua solidão apodreces lentamente...

Teu único alimento serás...

Teu veneno mortal...

A tua solidão...

05 fevereiro 2009

Desilusão...

Hoje o meu dia acaba vazio...
estou em plena desilusão de mim mesma...
as vezes pergunto-me para quê tudo isto?...
tantas preocupações, tantas angústias, tantas tristezas...

Faz frio lá fora e nem a lua escondida consegue mostrar um pouco da sua luz... ai se eu visse a sua luz, de certeza que me aqueceria...
hoje fico assim como um puzzle repleto de peças em falta, perdidas algures no caminho por onde me procuro...
estou cansada...
já não me reconheço nos pensamentos e nem me indentifico com o que digo querer...

estou cansada, estou triste, estou desiludida, sabiam...

02 fevereiro 2009

Ausente...

Ausente de mim e do mundo em geral, quando a arte de representação cai no esquecimento que não suporto e inevitávelmente me escondo...As vezes sinto-me inferior a todos e inferior a mim mesma e fico assim como que vazia... a imensidão abismal do vazio impera e reina... gostava de poder amar eternamente sem preconceitos e sem receios...
Num suspiro profundo lembro que hoje a chuva caiu coerentemente...
A luz diurna já escasseia, mal chega para iluminar este quarto onde me abrigo, vários pensamentos me roderaram esta tarde...

Onde estará a minha ponte de passagem entre o que me desconheço e o que me procuro?