09 outubro 2010

Viagem...

Viajo no meu pensamento recordações de horas mágicas vividas, lembro o sol doirado desvanecendo e dando luz a noite, naqueles momentos mágicos harmonias ancestrais beijavam os nossos ouvidos, sombras pintadas nas paredes do quarto diluíam docemente o perfil do teu corpo. Naqueles instantes eu era apenas uma frágil caravela, empurrada pelo vento vagabundo…

Sentia o teu olhar ora descuidado ora desconfiado mas sempre feliz e eu perdia-me no teu ser

Na escuridão completa, conseguia ver bem o teu rosto, no silêncio absoluto, ouvia bem a tua voz.

Finalmente chegávamos à aldeia muda e calma e por ali ficávamos mãos dadas a sonhar, tudo a nossa volta era sentimento, amor e piedade e a noite que caia era alma que subia.

07 outubro 2010

com palavras...

O rio tal como o tempo não volta atrás nem nunca se detém. Tem ainda a capacidade de saltar margens e criar novos leitos novas margens novas paisagens.

Quando isso acontece é como se o rio transpusesse uma linha de segurança que existe pela segurança, protecção e clareza.

Mas aquilo que para uns é uma linha de segurança para outros é apenas um limite e a verdade é que quanto mais rígido for maior é a tentação de o transpor.

O único problema é que assim que o transpomos é quase impossível voltar atrás e nesse instante o rio continua a crescer em direcção ao mar na ilusão que vai mudando a paisagem a sua passagem mas a verdade é que tudo continua igual e tudo o que nos resta é adaptarmo-nos a mudança ou ficar para trás.

E é assim também a vida.