Escolhi um
lugar a sorte para me sentar e aproveitar o sol do final de tarde…
num
instante quatro jovens sentam-se perto da minha mesa a falar alto de
coisas sem nexo… falam de gelados, “comi este e aquele” “gosta
dos de leite?” e mais não sei o que, irra coisas de gajas mesmo.
Viro o
olhar..
vento…
carros passam…
linhas de vidas que se cruzam…
Novo
assalto, a raça das raparigas teimam em anular os meus pensamentos
com as vozes estridentes, agora o assunto é a gordura, gelados e
pimba gordura, tudo com lógica, daqui a pouco deve surgir o tema
top.
Além
perto da rotunda, sobressai uma palmeira enorme em frente a uma casa
antiga e abandonada…
África assalta-me o pensamento, as cores
deste dia lembram um qualquer dia da minha infância.
Reboliço
normal de uma cidade e o meu olhar de criança ansiosa por saber que
terá pintado assim o dia?
Que giro
todos passam apressados, os que conduzem os que andam a pé, a
excepção é novamente estas quatro do lado, irra que pertenço a
uma classe que por vezes é tão oca nas conversas.
Mas tu não
és assim… deve ser por isso que me atrais tanto.
Agora
reparo que bebi café, ora se fumasse um cigarro seria a verdadeira
boémia que esvazia as tardes na esplanada a observar as pessoas e a
escrever notas, uma imitação perfeita de um qualquer escritor
famoso.
Os minutos
passam e a porra da conversa da gordura continua.
Dou comigo
a pensar novamente em ti… realmente não entendo porque se
distinguem gerações, afinal encontro tantas afinidades e interesses
em comum contigo, porém quase duas décadas nos separam. Estou tão
completa e acho tão natural estar contigo que confesso que nem me
lembro que somos iguais…
gosto da expressão, amor entre iguais.