04 maio 2009

Poderia...

Poderia matar-te esta noite… e depois choraria o quê?
A tua morte seria demasiado fugaz, não seria satisfatória.
Ir-me-ia faltar algo…
O prazer da dúvida e da incerteza.
Ainda te espero, aguardo paciente, um último golpe, o mais profundo.
Aquele que irá juntar as lágrimas outrora silenciosas ao soluçar desmesurado da dor total.
E onde reside esta dor magnânima e prepotente?
Em mim…
É em mim que residem, suspeitos estes sentimentos exacerbados e explorados ao limite.
Afinal admito, é assim que sobrevivo, apenas com sentimentos extremos.
Só a dúvida te fará permanecer dentro, em mim.
Sou demasiado complicada para ti…
Olho-te e vejo uma massa disforme ansiosa de ser moldada…
Pediste-me um livro para descodificar códigos e acessos e eu entreguei-te mas não me dei a mim…
Mas eu falei para ti…
Com a alma nos olhos e o coração, traduzindo em palavras indecisas e incertas como as aparições da lua…
Tudo pendente do tempo… As vezes, fui tua em breves olhares… mas dar-me a ti… como?
Se nem eu me tenho!

1 comentário:

Anónimo disse...

Quem passou pela vida em branca nuvem
E em plácido repouso adormeceu;
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu:
Foi espectro de Homem, não foi Homem,
Só passou pela vida, não viveu.

Francisco Octaviano
(Brasileiro)