18 fevereiro 2014

Espero...

Na frente uma página em branco, fazendo da tarde consolo distante, a espera repetida, desdobrada na infinidade dos passos, uma música quase tão perto do ser como uma lágrima, duplico o rosto na janela, entre a terra, o mar e o desejo de ti, onde ficámos, repetidas como o céu ou o silêncio que nos desmente. Recordo uma noite de mágicos cansaços, havia duas almas num monte, delírio onde não era possível maior proximidade, talvez isto não seja uma página em branco mas seja só a memória do que nesse instante se fez irresistível e tão frágil como o calor colorindo o meu peito, quantas mais memórias? 
Quantas vezes mais, rasgaremos uma cidade com o nosso abraço?
Quantas mais horas, terei para a tua recordação, para me inclinar sobre o finito e impossível? 
A página continua nos nossos peitos trancada, tanto faz seja branco ou não, a música adensa-se, a espera adianta-se, és pulso e ave, e o céu esteve sempre aqui, espero, espero-te…

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