31 outubro 2005

Tempo...

Apetece-me mergulhar no infinito para fugir da realidade e navegar, porque o tempo já não existe e os sonhos permanecem, vou poder viajar livremente sem encontrar pontes, porque não existem rios a separar as margens. Falar de sempre, faz-me perder o sentido das coisas, mas continuo a reparar no brilho das estrelas e nos raios da lua.
É tarde na noite, vou apagar a luz e deixar que chegue a madrugada.

26 outubro 2005

Paralelo...


Ao longo da minha vida, (média na idade física mas longa no pensamento) tenho aprendido que o destino existe, é real, acontece nos momentos destinados a realizar-se... mas nos outros acerrimamente sonhados nunca acontecem... por isso resolvi construir dois mundos paralelos, um de sonho e outro de vida...
Resulta disto tudo é que as vezes não sei quem sou... perco-me nas encruzilhadas que encontro pela frente... duvido de todos os caminhos que me chamam... penso, penso e penso e depois fico espantada com a velocidade que o tempo corre e muda... e o pior de tudo é que não muda sozinho... mudei eu também... e hoje estou num tempo que sou parte daquilo que fui e parte daquilo que serei...

25 outubro 2005

amanhã...

Se amanhã estiver um dia igual a noite de hoje então amanhã o ar vai parecer tão suave que não me vai parecer ser possível sentir tristeza no meu coração...
Corre tão longe no meu pensamento a vontade de ser tudo... Aos sonhos que não sei, entrego-me sem nada procurar sentir e estou em mim como em sossego e para dormir falta-me apenas ter sono...

23 outubro 2005

Descanso...




Na minha noite não há escuridão e no meu sossego não há descanso, mas eu passo por tudo, tal como o rio que se não vai pela direita é pela esquerda mas vai sempre e o mar espera-o lá longe eternamente.

22 outubro 2005

Medo...

As vezes tenho medo que o tempo que levo a sonhar sejam anos de vida e depois perceber, que tanto do meu passado foi vida mentida de um futuro que eu imaginei.
Não sei, mas subitamente sinto a tristeza de ser lenda do sonho que vivo... tenho que sossegar o meu coração, todos temos uma vida que é vivida e outra que é sonhada, mas a única que realmente temos é aquela que é divida entre a verdadeira e a sonhada...

21 outubro 2005

Sombra...

À noite, no silêncio calmo dos segundos, eu desligo as luzes e espero por ti na sombra da lua, por vezes tenho que fazer um esforço tão grande, para não deixar fugir os meus olhos, ansiosos por voar até ti.
Na tua ausência não consigo encontrar o tempo, e a minha vontade é passear por entre as estrelas no céu imenso, infinitamente azul, que cobre num abraço eterno, o nosso mundo, e assim, sentir-me mais perto de ti.

18 outubro 2005

Esperança...

Agora as noites são longas de mais e em todas elas as minhas lágrimas esvaziam este meu coração que ainda assim teima em bater levado pela esperança que chega todas as manhãs embalada na brisa.

17 outubro 2005

Desejo...

Sentir o desejo de produzir algo belo, maravilhosamente imaculado, tão perfeito que não haja no mundo inteiro alguém que fique indiferente, não por não lhe agradar, mas por lhe parecer impossível haver um causador para algo tão belo, que não seja divino.
Porque motivo duvido das decisões que acontecem desta forma e não de outra? Não é fácil encontrar a resposta, talvez antes de tentar compreender, deveria primeiro saber porque motivo existe a dúvida, existe porque a vida é um conjunto de dúvidas e decisões que tornaram o imperfeito no perfeito e vice-versa.

12 outubro 2005

Desabafos...

Tão abstracta é a ideia de amor, que ao entreter os meus olhos nele, perco-os de vista, e nada fica em meu olhar. Dista do meu pensamento tão longemente, a ideia de ficar tão rente ao meu sofrer que minto, e sonho mesmo consciente de mim que sonho o que sinto sendo muito do sonho e pouco da vida. Não sei porque estou assim, os meus olhos iludem-me quando vejo o infinito, sinto-me alheia pelo pensamento.

Realidade...

A tua realidade não está dentro de ti, a noção que tens dentro de ti é saberes que o mundo existe lá fora, e tu será que existes... estás mais certo da existência do exterior do que da existência interior, acreditas tão pouco na alma e tanto no corpo. O corpo, esse vil traiçoeiro que se apresenta no meio da realidade, pode ser visto, tocada, movimentado sem desejo efectivo, preso ao exterior, mas a tua alma, é mais real que o mundo exterior, embora fechada no teu interior para poder ser... navega livremente, existe para ti nos momentos que julgas que efectivamente existe por um empréstimo da realidade exterior do mundo.
A realidade que te cerca, não é tua, foi imposta, é condição de vida, é de todos mas não pertence a ninguém.

10 outubro 2005

sonhos...

Toda a hora é materna para os sonhos mas é preciso não o saber, porque o dia nunca nasce para quem encosta a cabeça no seio das horas sonhadas, somos tristes quando sonhamos, porque não podemos ser o que queremos ser, porque o que queremos ser, queremo-lo sempre ter sido no passado. À beira mar quando a onda se espalha e a espuma chia, parece que há mil vozes mínimas a falar,
Nenhum sonho acaba, sei eu ao certo, se o não continuo sonhando se o não sonho sem saber, se o sonhá-lo não é esta coisa vaga a que eu chamo a minha vida, então tudo é muito, e nós não sabemos nada...

08 outubro 2005

Infinito...

As vezes fico pensativa a olhar o infinito... sinto-me um barco vazio pelas margens de um rio navegando sem leme com a pressa de chegar a um destino que eu anseio, que desejo, mas não sei que rumo tomar.
Só sei que permanece intacto dentro de mim um sentimento que a muito descobri e que eu já não comando, sei também que os meus olhos esperam-te com tanto, tanto amor, que quando correm para te tentar encontrar, tenho medo que tropecem no ar, ou se percam no olhar.
Resta-me abandonar-me à sorte dos espíritos, porque eu sei que o vento já não vem para me desprender da terra e flutuar eternamente no teu pensamento.

03 outubro 2005

Insónia...

Outra noite de insónia... De repente paro, observo o contorno dos olhos e filósofo sobre a inexorabilidade do tempo e da sua relatividade. Quando se presta atenção ao tempo e se aguarda algo, cada minuto parece uma eternidade. Mas, quando nos distraímos, damos conta que às vezes já se passaram dez, vinte anos...

01 outubro 2005

Cinzas...

Fim-de-semana em que me sinto incapaz de encher esta folha em branco de sinaizinhos pretos, decidi que a língua (ou os dedos neste caso) se manteria presa, para não dizer o que não queria ouvir, mas não dá resultado já que, aparentemente, os meus neurónios, cansados de uma semana de trabalho electrizante, divertem-se brincando de escultores, esculpindo lembranças em cada canto de meu cérebro…
Renascerei das minhas cinzas no fim de cada dia...